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BCE prepara-se para uma subida histórica das taxas de juro — e pode não ficar por aqui

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Ronald Wittek / EPA

A presidente do BCE, Christine Lagarde.

O Banco Central Europeu prepara-se para uma subida histórica das taxas de juro. Analistas preveem que os aumentos possam não ficar por aqui.

Em julho, pela primeira vez em 11 anos, o Banco Central Europeu (BCE) subiu as taxas de juro. No entanto, a inflação teima em não baixar e o risco de recessão é cada vez mais real.

Como tal, o BCE deverá voltar hoje a subir as taxas de juro, depois de o ter feito, com os analistas a apostarem num incremento de 50 a 75 pontos base.

A taxa de juro das principais operações de refinanciamento passou de 0% para 0,50%, a taxa aplicável à facilidade permanente de cedência de liquidez ficou agora em 0,75% e a taxa de depósito que estava em terreno negativo (-0,50%) subiu para 0%.

“O Conselho do BCE considerou apropriado dar um primeiro passo maior, na sua trajetória de normalização das taxas de juro diretoras, do que o sinalizado na reunião anterior”, referiu em comunicado o banco central divulgado na altura, que optou por uma subida de 50 pontos base em vez dos 25 pontos base indicados inicialmente.

O BCE indicou também que nas próximas reuniões continuará a subir as taxas de juro. Segundo os analistas, o Conselho de Governadores deverá decidir na reunião de hoje uma subida dos juros entre 50 a 75 pontos base.

A Bloomberg avança com a previsão de uma subida de 75 pontos base. O Financial Times concorda, falando na maior subida de sempre dos juros na história do BCE. Os analistas do Commerzbank também acreditam numa subida de 75 pontos base.

“É difícil saber qual é o cenário mais provável, porque há bons argumentos em ambos os lados, mas tendemos a acreditar que acabarão por vencer aqueles que defendem um aumento maior da taxa de juro”, afirma Jens Eisenschmidt, economista do banco norte-americano Morgan Stanley, citado pelo Financial Times.

Face ao panorama atual, o Morgan Stanley realça que o BCE está numa “situação incrivelmente difícil”.

O banco sugere ainda que indicadores económicos corroboram a crença de que “os tempos piores ainda estão para vir”, antecipando “uma recessão económica neste inverno”.

Há ainda analistas a anteciparem que os juros possam atingir os 4% ao longo dos próximos três anos. “Uma resposta excecional a circunstâncias excecionais”, considera Hélène Baudchon, economista-chefe do BNP Paribas, citada pelo Jornal de Negócios.

Os analistas apontam para aumentos sucessivos dos juros este ano. Após os 75 pontos-base esperados hoje, são esperados outros 50 pontos tanto em outubro como em dezembro. Desta forma, em fevereiro, as taxas chegariam aos 2%.

Ao Negócios, Mário Martins, analista da ActivTrades, considera que “no extremo poderão atingir os 4%, valor no qual estiveram da última vez antes da descida até aos valores negativos”.

O euro tem vindo a cair a pique face ao dólar americano, chegando esta semana a baixar a barreira dos 0,99 dólares, algo que já não acontecia desde 2002. O dólar tem beneficiado do estatuto de valor refúgio, numa altura em que o mercado se mostra inquieto.

Para além das preocupações com a economia europeia, as subidas das taxas de juro da Reserva Federal norte-americana também estão a alimentar esta situação, já que têm tornado o investimento no dólar mais apelativo.

O BCE irá também divulgar a atualização das projeções económicas, que incluem o Produto Interno Bruto (PIB) e a inflação da zona euro.

Daniel Costa, ZAP // Lusa

3 Comments

  1. Continuem a ajudar a NATO e os EUA que eles agradecem, graças a incompetencia de pessoas como esta senhora a Russia Melhorou os EUA Triplicaram a sua economia e os Europeus cada vez estão mais na Ruina …Bravo

  2. Com estes aumentos, infelizmente, vamos ter uma crise idêntica à de 2007… As pessoas vão começar a entregar as casas aos bancos por não terem capacidade para pagar os empréstimos e por ai em diante, tudo vai atras num efeito bola de neve… Não consigo mesmo perceber como é que podem dizer que isto é uma medida para travar a inflação se a prova é que continua a subir…

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