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BCE prepara nova subida significativa nas taxas de juro (contra a vontade dos políticos)

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Stephen Jaffe / IMF / Flickr

Christine Lagarde, presidente do BCE

Christine Lagarde, presidente do BCE

O Banco Central Europeu (BCE) deve anunciar, nesta quinta-feira, uma nova subida significativa nas taxas de juro de referência, mantendo a preocupação com o combate à inflação e fazendo “ouvidos moucos” das pressões políticas que temem as consequências da medida.

Numa altura em que a inflação não dá sinal de abrandar, o BCE prepara-se para dar mais “um passo ousado”, aumentando de novo as taxas de juro de referência que servem de base, por exemplo, no crédito à habitação. Quem o diz é o economista da empresa de gestão de activos DWS, Ulrike Kastens, em declarações citadas pelo Politico.

“O BCE, provavelmente, vai fazer outro grande movimento nas taxas de juro de 75 pontos-base”, aponta Kastens, frisando que a previsível decisão da entidade se justifica com “as preocupações com as altas taxas de inflação que também nos acompanharão em 2023″ e com “o risco de que as expectativas de inflação possam ser desancoradas”.

“As expectativas de inflação acima da meta de 2% do BCE serão o argumento mais poderoso para um aperto agressivo”, acrescenta o Politico.

Em Setembro passado, o BCE subiu, pela segunda vez neste ano, as taxas de juro de referência, em todos os prazos, em 75 pontos-baseuma subida histórica! Mas a inflação acabou por disparar ainda mais do que o esperado, atingindo um recorde de 9,9% – em Portugal, foi de 9,3%.

Com os receios de que a inflação continue a aumentar, o BCE deverá anunciar, então, uma nova subida significativa nas taxas de juro, ignorando as pressões políticas de vários líderes europeus numa altura em que a crise económica se agrava.

Costa e Macron deixaram avisos

António Costa foi um dos políticos que alertou que a subida das taxas de juro não é a melhor forma de combater a inflação.

“O BCE em toda a sua independência deve ser prudente“, sublinhou o primeiro-ministro de Portugal, notando que a actual inflação “é essencialmente importada, com a guerra da Rússia na Ucrânia, que agravou a ruptura das cadeias de abastecimento e introduziu um factor acrescido”.

O presidente de França, Emmanuel Macron, também enviou recados ao BCE, salientando que está “preocupado” com “certos formuladores da política monetária europeia a explicarem-nos que precisamos de quebrar a procura na Europa para conter melhor a inflação“.

A principal preocupação dos líderes europeus é que uma nova subida nas taxas de juro venha afectar negativamente as expectativas de crescimento económico. Este deverá ser um dos pontos quentes da reunião do BCE desta semana, até porque alguns elementos do próprio Banco Central “compartilham preocupações” quanto à melhor forma de combater a inflação, destaca o Politico.

O que é certo é que o cenário actual está pior do que o esperado nas previsões feitas em Setembro pelo próprio BCE.

Euribor sobe para novo máximo a 3 meses

As taxas Euribor subiram hoje a três meses para um novo máximo desde Novembro de 2011 e caíram a seis e a 12 meses face a segunda-feira.

A taxa Euribor a seis meses, a mais utilizada em Portugal nos créditos à habitação e que entrou em terreno positivo em 6 de Junho, baixou para 2,106%, menos 0,026 pontos, contra um novo máximo desde Fevereiro de 2009, de 2,132%, verificado a 24 de Outubro.

No prazo de 12 meses, a Euribor também desceu hoje, pela segunda sessão consecutiva, ao ser fixada em 2,725%, menos 0,013 pontos do que na segunda-feira, depois de ter subido em 21 de Outubro para 2,778%, um novo máximo desde Dezembro de 2008.

Em sentido contrário, a Euribor a três meses, que entrou em 14 de Julho em terreno positivo pela primeira vez desde Abril de 2015, avançou para 1,577%, mais 0,019 pontos do que na segunda-feira e um novo máximo desde Novembro de 2011.

A evolução das taxas de juro Euribor está intimamente ligada às subidas ou descidas das taxas de juro directoras definidas pelo BCE.

As Euribor são fixadas pela média das taxas às quais um conjunto de 57 bancos da Zona Euro estão dispostos a emprestar dinheiro entre si no mercado interbancário.

ZAP // Lusa

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