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Barragem do Pisão fica pronta em 2026 (e “demonstra bem o que pretende ser o PRR”)

Mario Cruz / Lusa

As obras de construção da barragem do Pisão, no concelho de Crato, distrito de Portalegre, cujo contrato de financiamento foi assinado esta sexta-feira, vão arrancar até 2023 para o empreendimento entrar em “pleno funcionamento” em 2026.

“Esperamos que, em 2026, entre em pleno funcionamento a barragem do Pisão e o aproveitamento hidráulico”, afirmou o presidente da Câmara do Crato, Joaquim Diogo, na cerimónia de assinatura do contrato de financiamento, realizada nesta vila.

O contrato de financiamento, no valor dos 120 milhões de euros para o projeto inscritos no Plano de Recuperação e Resiliência (PRR), foi assinado entre a estrutura de missão Recuperar Portugal e a Comunidade Intermunicipal do Alto Alentejo (CIMAA).

No global, está previsto que o empreendimento, desenvolvido pela CIMAA, envolva um investimento de 171 milhões de euros.

Considerando que há “muito trabalho por diante”, o autarca do concelho de Crato apontou a necessidade de se concluírem este ano os “estudos e projetos detalhados” e de se obter, até ao início de 2022, a Declaração de Impacte Ambiental.

Após o arranque dos trabalhos preparatórios e o lançamento do concurso público para a empreitada, as obras de construção da barragem terão que começar “até 2023”, adiantou Joaquim Diogo.

“Temos que, até 2024, conseguir o realojamento da população da aldeia” do Pisão, com cerca de 60 pessoas, que ficará submersa, “e a conclusão da instalação dos painéis fotovoltaicos”, traçou também o presidente do município.

Já o presidente da CIMAA e autarca de Ponte de Sor, Hugo Hilário, realçou na sua intervenção que esta obra é “muito ansiada e reivindicada” pela região, estando “há mais de 50 anos mergulhada em avanços tímidos”.

“Hoje, virámos a página de todas as desconfianças” e, com a assinatura do contrato de financiamento do Empreendimento de Aproveitamento Hidráulico de Fins Múltiplos do Crato, “a construção da barragem é irreversível”, sublinhou.

“Demonstra bem o que pretende ser o PRR”

A cerimónia de hoje foi presidida pelo primeiro-ministro, António Costa, e contou com as presenças das ministras da Coesão Territorial e da Agricultura, Ana Abrunhosa e Maria do Céu Antunes, respetivamente.

“Este projeto é verdadeiramente simbólico do potencial transformador e da ambição transformadora e da vontade de melhorar e aumentar o potencial de crescimento do nosso país que o PRR comporta”, acentuou.

“Este projeto demonstra bem o que pretende ser o PRR. Um projeto transformador do nosso país, que não se limite a fazer mais do mesmo, mas, pelo contrário, permita transformar regiões, setores de economia e o potencial de crescimento do nosso país”, referiu.

Costa vincou que a barragem “terá um grande impacto transformador na economia da região” e vai permitir ao Alto Alentejo “desenvolver novas atividades que gerem emprego e rendimento que permitam atrair e fixar as populações”.

“O PRR é uma peça de um ‘puzzle’ integral sobre a visão que temos sobre todas as regiões que designamos de interior e que eu prefiro designar de centralidade peninsular”, insistiu o chefe do Governo.

Dirigindo-se a “quem olha para o PRR com o ceticismo fatalista”, por considerar que o país vai “desperdiçar a oportunidade”, o primeiro-ministro deu como exemplo este projeto para contrariar essa ideia.

“Pode olhar para este projeto como um projeto tem, desde logo, o enorme potencial transformador económico desta região, mas que responde também a outras necessidades fundamentais”, como no combate às alterações climáticas, abastecimento das populações, regadio e produção de energia elétrica, entre outras, disse.

António Costa notou que o projeto vai ser “executado” pela Comunidade Intermunicipal do Alto Alentejo (CIMAA), após “determinação persistência e insistência negocial” dos autarcas da região.

“Também é a demonstração de que o PRR não é uma coisa desenhada em Lisboa para ser executada pela Administração Central para benefício da Administração Central. Os beneficiários serão mesmo as populações e o conjunto desta região. A ideia surgiu não em Lisboa, mas na região e quem vai executar é precisamente a comunidade intermunicipal”, acrescentou.

O chefe do Governo avisou os promotores de que “o relógio já está a contar” para a execução do projeto, lembrando que o PRR “só paga compromissos assumidos até 2023 e despesa realizada até 31 de dezembro de 2026”.

“Por isso, não vamos esperar pelos 70 anos da ideia. Como não há tempo a perder, mãos à obra”, acrescentou.

O projeto inclui a construção de uma central fotovoltaica flutuante, de 150 megawatts (MW), cujo investimento, no valor de cerca de 51 milhões de euros, não está inscrito no PRR.

Entre outras componentes, estão ainda contempladas no projeto, além da barragem e da central fotovoltaica, uma central mini-hídrica e canais da estrutura de regadio para a agricultura e sistema de abastecimento público de água.

ZAP // Lusa

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