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Banco de Portugal está a analisar sete ex-gestores da CGD

Mário Cruz / Lusa

O Banco de Portugal está a analisar sete antigos gestores da Caixa Geral de Depósitos que estão em exercício em entidades suas supervisionadas, para avaliar se abre um processo de reavaliação da idoneidade devido aos novos factos trazidos pela auditoria feita pela EY.

Dentro desse grupo, sabe o Expresso, encontra-se António de Sousa, que foi governador do supervisor, e cuja averiguação diz respeito ao período em que presidiu ao banco público, entre 2000 e 2004.

Novo Banco, BCP, Finantia, CGD, EuroBic e a ECS são as instituições onde se encontram alguns dos gestores no ativo sob averiguação pelo exercício de funções entre 2000 e 2015.

São os casos de António de Sousa, Vítor Fernandes e Jorge Cardoso, que estão no Novo Banco; de João Nuno Palma, no BCP; António Vila-Cova, que preside ao Finantia; Maria João Carioca, que regressou à Caixa; e José Fernando Maia de Araújo e Silva, que é administrador não executivo do EuroBic.

Dos 44 administradores que passaram pelo banco público naquele período apenas sete estão sob o exame destinado a analisar se faz sentido avaliar a sua idoneidade e experiência na banca comercial.

António de Sousa foi governador do BdP entre 1994 a 2000, ano em que transitou para a presidência da CGD. Por ter sido administrador da instituição entre 2004 e 2006, o atual governador, Carlos Costa, não vai participar nas decisões em torno do banco público.

O processo de averiguação a António de Sousa é desencadeado pelo facto de desempenhar funções em entidades supervisionadas pelo BdP na esfera da ECS. O grupo ECS foi fundado em 2006 e tem marcado presença forte na reestruturação de créditos e de ativos problemáticos que ficaram na mão dos bancos com a crise.

No caso de Vale do Lobo, por exemplo, que gerou perdas de 219 milhões de euros à Caixa de acordo com a versão preliminar da auditoria da EY, o banco público parqueou num fundo da ECS, em troca de unidades de participação, créditos problemáticos avaliados em 300 milhões de euros e aguarda que, até 2020, possa recuperar parte do dinheiro.

O que pesa na análise do BdP é uma incógnita. A presença em reuniões de conselhos de crédito e órgãos decisórios será um aspeto para o qual o supervisor vai olhar quando analisar os gestores e decidir se vai ou não avançar com a reavaliação destes casos.

Para isso, pesará a presença e envolvimento destes ex-administradores nos conselhos de crédito da Caixa entre 2000 e 2015, assim como quais as operações em causa.

“O Banco de Portugal está a considerar toda a informação contida na auditoria da EY à CGD e daí retirará as consequências que se imponham”, de acordo com um comunicado do supervisor da banca. Em 2017, a autoridade, tendo por base “factos supervenientes, instruiu 32 processos de eventual reavaliação da idoneidade de membros dos órgãos de administração e fiscalização de instituições supervisionadas”.

Ex-gestores da CGD já aprovados após auditoria

No verão passado, já houve a aprovação de antigos administradores do banco público para o exercício de funções noutras instituições financeiras, incluindo nomes que estão novamente sob análise. Maria João Carioca, João Nuno Palma e Daniel Traça receberam luz verde do supervisor da banca.

A primeira, que voltou à CGD em 2017, já tinha sido administradora executiva entre 2013 e 2016. É desde este ano, também vogal da administração do Caixa — Banco de Investimento, cargo para o qual também precisou de autorização para o exercício de funções.

Nesse período, Daniel Traça tinha estado na mesma equipa da Caixa, embora apenas como administrador não executivo, com funções de fiscalização e acompanhamento e sem responsabilidade na gestão quotidiana. Ascendeu à administração não executiva do Santander Totta no início de 2019.

Em julho de 2018, João Nuno Palma recebeu autorização para permanecer como administrador executivo do BCP, tendo também no currículo a passagem pela administração da CGD entre 2013 e 2015.

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