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“O Banco de Portugal é que criou os lesados do BES”

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Miguel A. Lopes / Lusa

Ricardo Salgado, ex-presidente do BES

Ricardo Salgado entra ao ataque na primeira grande entrevista concedida depois da queda do BES, há três anos. O ex-banqueiro responsabiliza o Banco de Portugal por haver lesados e ataca Passos Coelho e o primo José Maria Ricciardi.

Numa longa entrevista ao Dinheiro Vivo, Ricardo Salgado, que é arguido em centenas de processos, defende que o Novo Banco devia ficar em mãos portuguesas, manifestando oposição à venda da instituição bancária ao fundo norte-americano Lone Star.

“A melhor solução para o Novo Banco era permanecer português, quer fosse incorporado na Caixa Geral de Depósitos, quer fosse adquirido pelo Millenium BCP”, diz o ex- administrador do grupo Espírito Santo.

“O Banco de Fomento podia perfeitamente ser recapitalizado pelo Estado para reforçar o Novo Banco”, considera ainda, depois de já ter manifestado a mesma posição numa entrevista à agência noticiosa Bloomberg, na semana passada.

“Banco de Portugal é que criou os lesados do BES”

Desta vez, instalado no seu escritório numa vivenda de Cascais, Salgado declara ao Dinheiro Vivo que nunca foi hostilizado pelos lesados do banco e que compreende as razões de queixa que apresentam.

Mas quando questionado sobre se já pensou em pedir desculpas aos clientes lesados, Salgado atira as culpas para o Banco de Portugal e nota que “os clientes foram usados pela medida de resolução”.

“O Banco de Portugal é que criou os lesados do BES”, refere. “Não fui eu que optei pela resolução, nem que a preparei ou executei”, reforça.

“Pedir desculpa seria a fórmula mais fácil de me desresponsabilizar publicamente“, acrescenta depois. Ao longo de uma entrevista de seis páginas, Ricardo Salgado também critica o ex-primeiro-ministro Passos Coelho.

“Passos Coelho não só chumbou a operação de financiamento solicitada pelo Banco de Portugal, como publicitou essa recusa. Isto é o colapso final!“, lamenta.

Dá “explicações” aos lesados na missa

O ex-banqueiro garante também que se tem cruzado com lesados “na missa em Cascais” que vão falar com ele. “Dou-lhes explicações daquilo que estou a fazer”, refere.

“Eu continuo na minha senda de procurar demonstrar que tive razão e que tenho razão naquilo que estou a defender, e levarei isso até ao final”, frisa.

“Estou a lutar pela minha reputação”, afiança também. E “vou lutar até ao fim”, alerta.

Os “excessos temperamentais” do primo

Na entrevista ao Dinheiro Vivo, Salgado refere também ter feito um mau julgamento do empresário angolano Álvaro Sobrinho e do empresário luso-angolano Hélder Bataglia, considerando que “os dois tiveram um papel terrível” na “destruição do BES em Angola”, e acusando os dois homens de terem feito uma “gestão ruinosa” do BESA.

Na mira também está o seu primo, José Maria Ricciardi de quem diz que tem “excessos temperamentais”, depois de questionado sobre se escolheu Manuel Pinho, que trabalhou no BES, para ministro da Economia, como este familiar teria sugerido.

“Pode ter a certeza de que eu não sugeri nada ao engenheiro Sócrates“, frisa para depois comentar sobre a Operação Marquês, onde é também arguido a par do ex-primeiro-ministro, que “ainda a procissão vai no adro”.

“Não há iates, nem castelos na Escócia”

Sobre a ideia de que ele era o “Dono Disto Tudo”, Salgado nota que foi “uma criação artificial para acabar” com ele. “Creio que estará relacionada com a palavra inveja, usada por Camões no final dos Lusíadas”, aponta.

O ex-banqueiro também considera que a reforma de 90 mil euros a que tem direito é merecida porque diz ter descontado “uma brutalidade toda a vida”.

Sobre o seu património, assegura que “não há iates, nunca houve”. “E não há castelos na Escócia“, afiança ainda.

A terminar, o ex-presidente do BES diz que espera lançar, até ao fim do ano, um livro de memórias que está a escrever, mas não abre o véu sobre as revelações que lá divulgará.

ZAP // Lusa

5 Comments

  1. Não sou lesado do BES mas sou lesado dessa torpe máquina/cancro que se infiltrou na sociedade portuguesa.
    À conta da organização de malfeitores deste escroque, estou há vários anos sem poder passar um cheque, pedir um crédito, um cartão, um descobertode conta, etc… Tudo porque me recusei a pagar ao BES, algo que, comprovadamente (já há sentença, transitada, nesse sentido) nunca devi!
    E vem este pavão com esta conversa? A sua sorte, Sr. “Insonso”, é que não frequento a missa, nem resido em Cascais…

  2. Não ter **** da vergonha na cara é isto. Nem mais, nem menos. (O Banco de Portugal também não está isento de culpas, não pela resolução, mas por ter deixado à solta o DDT durante tanto tempo.)

  3. gatuno que deviar aguardar atras das grades. o descalabro do bes é culpa de quem não lhe deu a mao depois de se enterrar? haja paciencia para estes parvos.
    ainda havera portugueses a apoia-lo como ao socrates, costa, portas, cruz, isaltino, fatima, etc. somos mesmo tapados.

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