Spider-man, foste tu? Cientistas criam bactérias que comem plástico e produzem seda de aranha

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(dr) Rensselaer Polytechnic Institute

Proteínas da seda produzidas por bactérias desenvolvidas para converter o polietileno neste material.

Não, não foi o Spider-man. Investigadores da uma universidade norte-americana conseguiram desenvolver uma estirpe de bactéria capaz de transformar resíduos de plástico em seda de aranha biodegradável. 

Uma equipa de cientistas do Rensselaer Polytechnic Institute, nos Estados Unidos, alcançou, recentemente, um grande marco científico: conseguiu desenvolver uma estirpe de bactéria capaz de converter resíduos plásticos, como o polietileno, numa versão biodegradável de “seda de aranha”.

Segundo o Phys, esta foi a primeira vez que bactérias foram usadas para transformar este tipo de plástico comum, usado em utensílios de utilização única, num produto proteico de alto valor.

Helen Zha, professora assistente de Engenharia Química e Biológica, realçou em comunicado que “a seda da aranha é o Kevlar da natureza”, sendo forte, elástica, resiliente, não tóxica e biodegradável.

Neste sentido, o produto – a que os investigadores chamam “seda de aranha bio-inspirada”, devido à sua semelhança com a seda que as aranhas usam para tecer as suas teias – tem aplicações em têxteis, cosméticos e até na medicina.

Bactéria que come plástico

O polietileno, presente em vários produtos que usamos diariamente como sacos, garrafas de água e recipientes, é de grande preocupação ambiental por contribuir para a poluição plástica global.

Neste trabalho, os investigadores usaram a bactéria Pseudomonas aeruginosa, que consome naturalmente polietileno como fonte de alimento.

Depois, abraçaram o desafio de criar esta bactéria para converter os átomos de carbono do polietileno numa proteína de seda geneticamente codificada.

Surpreendentemente, descobriram que as bactérias desenvolvidas conseguiam produzir a proteína da seda com um rendimento que rivalizava com algumas estirpes de bactérias que são mais convencionalmente utilizadas no fabrico biológico.

“No fundo, as bactérias estão a fermentar o plástico. A fermentação é usada para fazer e preservar todos os tipos de alimentos, como queijo, pão e vinho, e nas indústrias bioquímicas é usada para fazer antibióticos, aminoácidos e ácidos orgânicos”, explicou o investigador Mattheos Koffas.

Para que as bactérias fermentem o polietileno, o plástico é primeiro “pré-digerido”.

Nesta investigação, a equipa conseguiu converter o polietileno numa substância macia e cerosa, que depois foi utilizada como fonte de nutrientes para bactérias, num processo sustentável, de baixo consumo de energia e que não requer a utilização de produtos químicos tóxicos.

O artigo científico com as descobertas foi publicado na Microbial Cell Factories.

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