Ameaça de guerra entre Azerbaijão e Arménia está de volta (e é mais uma chatice para Putin)

EPA / Mikhail Klimentyev / KREMLIN

Estão de volta os conflitos armados entre o Azerbaijão e a Arménia no âmbito da disputa pela região de Nagorno-Karabakh. E é mais uma dor de cabeça para Putin quando já vai enfrentando o criticismo pela forma como a Rússia está a perder terreno na Ucrânia.

A Rússia está a ser chamada a intervir no conflito de há décadas entre o Azerbaijão e a Arménia pela região de Nagorno-Karabakh.

“Relatos locais” referem a existência de “bombardeamentos azeris” em cidades arménias como Jermuk e Goris, como reporta o site de informação Politico. A Arménia reportou já 50 mortos.

Os bombardeamentos estão a acontecer às portas de Nagorno-Karabakh, região separatista do Azerbaijão que é habitada sobretudo por arménios e apoiada pelo Governo da Arménia.

Os combates ocorrem regularmente entre separatistas e azeris. A Turquia é o principal apoiante do Azerbaijão enquanto que a Arménia conta com o apoio da Rússia.

Em Novembro de 2021, a Arménia anunciou uma trégua com o Azerbaijão após a “mediação” russa, depois de conflitos que mataram cerca de 6500 pessoas. No mês passado, já tinha havido uma onda de conflitos que, agora, se repetem.

Enquanto Putin enfrenta mais esta “dor de cabeça estratégica”, como vinca o Politico, azeris e arménios trocam acusações.

O Azerbaijão acusa a Arménia de “visar objectos civis e pessoas inocentes” e assegura que está apenas a colocar em marcha “contra-medidas” contra “alvos militares legítimos”.

Já o ministro da Defesa da Arménia, Suren Papikyan, culpa o Azerbaijão, acusando este país de levar a cabo uma “provocação em larga escala”, com bombardeamentos de “artilharia, morteiros, drones e canhões de grande calibre, tanto em infraestruturas militares quanto civis”, como cita o Politico.

A Arménia já pediu à Rússia e ao Conselho de Segurança da ONU para intervir, segundo o Politico.

A publicação também nota que o primeiro-ministro da Arménia, Nikol Pashinyan, já falou ao telefone com Putin, e também com o presidente francês, Emmanuel Macron, bem como com o presidente do Conselho Europeu, Charles Michel, e com o Secretário de Estado dos EUA, Antony Blinken.

Blinken manifesta que os EUA estão “profundamente preocupados”, apelando à “cessação imediata das hostilidades entre a Arménia e o Azerbaijão”.

E o chefe da diplomacia da União Europeia (UE), Josep Borrell, também pede o fim dos “confrontos armados”, notando que são “uma escalada perigosa que precisa parar” e realçando que é preciso voltar “à mesa das negociações”.

“A UE está em contacto com os dois lados para contribuir para a desescalada”, escreve Borrell numa publicação no Twitter.

As dores de Putin

Para lá deste conflito entre azeris e arménios, Putin sofre com “uma dor de cabeça militar”, mas também política, quanto ao evoluir da guerra na Ucrânia. O Politico nota que o Presidente da Rússia está a “enfrentar um nível incomum de críticas à competência dos seus comandantes na Ucrânia”.

O recuo no território ucraniano, devido a uma forte contra-ofensiva da Ucrânia, está a levantar “perguntas desconfortáveis” sobre o que parece uma “derrota nas linhas da frente”, refere ainda a publicação que conclui que Putin pode enfrentar uma inusitada “pressão política”.

As primeiras vozes críticas entre os que são aliados de Putin já se começaram a ouvir. As do líder da República da Chechénia, Ramzan Kadyrov, um dos maiores aliados de Putin na guerra contra a Ucrânia, são das mais significativas.

Kadyrov já veio dizer que o comando militar russo cometeu “erros” na região de Kharkiv, cidade onde a Ucrânia retomou o controle graças a uma campanha de desinformação.

Note-se que os soldados aos comandos de Kadyrov são acusados pelos ucranianos de crimes de guerra em Bucha, cidade onde actuaram ao lado do exército russo.

O analista político Sergei Markov, com ligações ao Kremlin e ex-deputado do partido de Putin, também critica o Presidente russo pela forma como inaugurou uma nova roda gigante em Moscovo, numa altura em que a Ucrânia reclama vitórias na guerra.

“É como uma festa em tempo de peste”, aponta Markov, frisando que é “um erro político”. “O Governo não devia comemorar quando o povo está a sofrer”, realça ainda.

Entretanto, há bloggers a criticar “fortemente as autoridades russas pela sua incapacidade de garantir uma retirada adequada da região de Kharkiv dos moradores que apoiaram a ocupação russa”, frisa ainda o Politico.

Pelo meio, há quem já vá comparando a situação na Ucrânia com o que aconteceu ao “Exército Vermelho” da ex-União Soviética, precisamente no mesmo território, durante a II Guerra Mundial, quando foram cercados pelos alemães durante a “Operação Fredericus”, perdendo milhares de soldados.

ZAP //

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