Putin condecora e elogia “heroísmo” de brigada de fuzileiros acusada de crimes de guerra em Bucha

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Mikhail Klimentyev / EPA

O Presidente russo, Vladimir Putin

Putin teceu elogios aos militares, realçando a sua “tenacidade” e referindo que são um “modelo de execução do dever militar, de coragem, de determinação e de grande profissionalismo”.

O Presidente da Rússia, Vladimir Putin, teceu elogios esta segunda-feira a uma brigada que foi acusada de levar a cabo o massacre e cometer crimes de guerra na cidade de Bucha, perto de Kiev, tendo condecorado as forças.

O chefe de Estado russo assinou um decreto onde concede o título de “Guardas” à 64.ª Brigada de Fuzileiros Motorizados por defender os “interesses da Pátria e do Estado”, realçando ainda o “heroísmo e valor de massa, tenacidade e coragem” dos membros que a integram.

“As ações competentes e decisivas de todo o pessoal [da brigada] durante a operação militar especial na Ucrânia são um modelo de execução do dever militar, de coragem, de determinação e de grande profissionalismo”, escreveu Putin sobre os militares.

No início de Abril, o Ministério da Defesa da Ucrânia acusou este mesmo grupo de cometer crimes de guerra durante a sua ocupação do subúrbio de Bucha, tendo alegadamente matado civis a tiro e deixado os corpos pelas ruas ou enterrados em valas comuns, que foram depois descobertas pelas tropas ucranianas.

O Kremlin tem negado repetidamente que as suas forças tenham levado a cabo um massacre, acusando Kiev e a comunicação social ocidental de terem encenado o massacre, ou dizendo que as tropas ucranianas o cometeram para culparem Moscovo.

A homenagem surge no mesmo dia em que a Ucrânia está a acusar a Rússia de atacar instalações médicas em Kharkiv, incluindo um centro perinatal. A ofensiva russa na cidade estratégia de Mariupol — localizada no sul da Ucrânia, entre a Crimeia e a região separatista pró-russa do Donbass, ambas controladas por Moscovo — também se está a intensificar.

A ofensiva militar lançada na madrugada de 24 de fevereiro pela Rússia na Ucrânia causou já a fuga de mais de 12 milhões de pessoas, mais de cinco milhões das quais para os países vizinhos, de acordo com os mais recentes dados da ONU – a pior crise de refugiados na Europa desde a Segunda Guerra Mundial (1939-1945).

A invasão russa – justificada por Putin com a necessidade de “desnazificar” e desmilitarizar a Ucrânia para segurança da Rússia – foi condenada pela generalidade da comunidade internacional, que respondeu com o envio de armamento para a Ucrânia e a imposição à Rússia de sanções que atingem praticamente todos os setores, da banca ao desporto.

A guerra na Ucrânia, que entrou hoje no 54.º dia, já matou mais de 2.000 civis, segundo dados da ONU, que alerta para a probabilidade de o número real ser muito mais elevado.

ZAP // Lusa

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