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Avião ucraniano que caiu terá sido abatido por um míssil iraniano. Teerão nega

As autoridades iranianas rejeitarama tese de que o desastre do Boeing 737 da Ukraine International Airline, ocorrido na quarta-feira no Irão, esteja relacionado com um eventual ataque com mísseis.

“Vários voos domésticos e internacionais voam ao mesmo tempo no espaço aéreo iraniano à mesma altitude de 8.000 pés, e essa história de ataque com mísseis (…) não podia estar mais incorreta”, indicou o Ministério dos Transportes iraniano, num comunicado.

Esses rumores não fazem qualquer sentido“, prosseguiu a nota informativa, que cita o presidente da Organização de Aviação Civil iraniana (CAO) e vice-ministro dos Transportes, Ali Abedzadeh.

O representante iraniano reagia desta forma às informações que estão a circular nas redes sociais e em alguns média norte-americanos de que o Boeing 737 da companhia aérea privada ucraniana Ukraine International Airlines (UIA, na sigla em inglês) teria sido atingido por um míssil disparado pela Guarda Revolucionária do Irão.

De acordo com fontes do Pentágono e dos serviços de informações norte-americanos e iraquianos ouvidas pelo portal Newsweek, o avião em causa terá sido abatido acidentalmente por um míssil iraniano terra-ar.

Fontes ocidentais citadas pelo jornal britânico The Guardian acreditam que o avião foi abatido por erro através do disparo de um míssil.

O Presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, também já comentou o assunto, dizendo suspeitar de que o acidente não se deveu a acidentes mecânicos, como foi inicialmente avançado. “Alguém poderia ter cometido um erro do outro lado“, disse.

Caixas negras

Quanto às caixas negras do aparelho, encontradas no mesmo dia do desastre, Ali Abedzadeh declarou que “o Irão e a Ucrânia têm os meios para descarregar as informações” que os aparelhos contêm.

“Mas, caso sejam necessárias medidas mais especializadas para extrair e analisar as informações, podemos fazê-lo em França ou em outros países”, afirmou o representante, num momento em que foram divulgadas informações que dão conta de que Teerão está a recusar o acesso às caixas negras do avião ao fabricante norte-americano Boeing.

Sem desmentir explicitamente tais informações, o comunicado do ministério rejeitou “os rumores sobre a resistência do Irão em dar as caixas negras (…) aos Estados Unidos”.

Mais de 150 morreram

O aparelho Boeing 737 da companhia aérea privada ucraniana UIA descolou quarta-feira de manhã da capital iraniana, Teerão, em direção à capital da Ucrânia, Kiev. O avião despenhou-se dois minutos depois da descolagem, matando as 176 pessoas (passageiros e tripulantes) que estavam a bordo, a maioria de nacionalidade iraniana e canadiana.

As autoridades ucranianas, que enviaram para Teerão uma equipa de 45 investigadores para participar no inquérito em curso, avançaram hoje que estão a investigar pelo menos sete possíveis causas do desastre, incluindo um eventual ataque com mísseis.

“Estamos a avaliar de forma minuciosa todas as teses, que são sete”, indicou esta quinta-feira, em declarações à agência France-Presse (AFP), o secretário do Conselho ucraniano de Segurança e de Defesa Nacional, Sergei Danylov.

Por enquanto, “nenhuma é prioritária“, precisou o mesmo representante ucraniano.

Entre as possíveis teses que estão a ser exploradas pelas autoridades da Ucrânia está um possível disparo de um míssil antiaéreo contra o Boeing 737, a explosão de uma bomba a bordo do aparelho, a colisão do avião de passageiros com um ‘drone’ (aparelho aéreo não-tripulado) ou a deflagração de um incêndio no motor “por razões técnicas”.

Segundo os primeiros elementos do inquérito da CAO, o voo da UIA despenhou-se após um “problema” e um incêndio a bordo.

O Boeing 737 despenhou-se algumas horas depois do lançamento de 22 mísseis iranianos contra duas bases da coligação internacional anti-‘jihadista’ liderada pelos Estados Unidos, em Ain Assad e Erbil, no Iraque, numa operação de retaliação pela morte do general iraniano Qassem Soleimani num ataque em Bagdad ordenado por Washington.

ZAP // Lusa

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