Avião hipersónico da Stratolaunch passa Mach 5 e aterra sem piloto

Brandon Lim / Stratolaunch

Aeronave hipersónica Talon-A2 transportada por um Roc da Stratolaunch, o maior avião do Mundo

A aeronave hipersónica norte-americana Talon-A2 foi lançado de um Roc da Stratolaunch, o maior avião do mundo, e pilotou-se a si próprio a velocidades hipersónicas — antes de aterrar tranquilamente na Califórnia.

Os veículos hipersónicos tornaram-se a mais recente tecnologia militar de ponta, e os EUA parecem estar a ficar para trás em relação aos seus rivais.

Isso poderá mudar após o voo bem-sucedido de uma aeronave hipersónica autónoma e reutilizável da norte-americana Stratolaunch, criada em 2011 pelo cofundador da Microsoft Paul Allen, que em 2019 fez história ao lançar o maior avião do mundo.

Nos últimos anos, tanto a China como a Rússia revelaram mísseis capazes de velocidades hipersónicas — o que significa que podem viajar a mais de cinco vezes a velocidade do som. Estas armas são incrivelmente rápidas e altamente manobráveis, o que as torna difíceis de rastrear e intercetar.

Embora os EUA estejam a desenvolver várias armas hipersónicas, estará ainda a tentar alcançar os seus dois principais adversários — razão pela qual o Pentágono lançou em 2022 o programa MACH-TB para desenvolver opções de baixo custo para testar tecnologia hipersónica que pudesse acelerar o seu desenvolvimento.

Como parte desse programa, conta o Singularuty Hub, a Stratolaunch realizou recentemente dois voos de teste do Talon-A2, a sua aeronave hipersónica reutilizável.

Esta semana, a empresa confirmou que o veículo atingiu, em ambas as missões,  velocidades superiores a Mach 5, antes de aterrar em segurança na Base da Força Espacial de Vandenberg, na Califórnia.

“Demonstrámos agora velocidade hipersónica, adicionámos a complexidade de uma aterragem completa na pista com recuperação rápida da carga útil e provámos a reutilização”, afirmou o CEO da Stratolaunch, Zachary Krevor, num comunicado da empresa. “Ambos os voos foram grandes conquistas para o nosso país, a nossa empresa e os nossos parceiros.”

O design do Talon-A2 lembra o do Space Shuttle. Tem 8,5 metros de comprimento e é alimentado por um motor de foguetão reutilizável de 2.268 kg de impulso, construído pela startup norte-americana Ursa Major.

Stratolaunch

Nave hipersónica Talon-A2 da Stratolaunch num dos seus voos

O veículo foi lançado sobre o Oceano Pacífico pelo Roc, o avião transportador da Stratolaunch, em dezembro de 2024 e novamente em março deste ano.

Embora a empresa não tenha fornecido muitos detalhes sobre os voos, como altitude ou velocidade máxima, Krevor confirmou à Ars Technica que realizou várias manobras de “alta aceleração” no seu regresso à Terra.

Esta é a primeira vez que os EUA têm um veículo hipersónico reutilizável desde que a aeronave tripulada X-15, movida a foguetão, foi descomissionada, em 1968. Mas, crucialmente, o Talon-A2 pode voar de forma autónoma, o que deverá torná-lo muito mais útil para testar sistemas de armas hipersónicas.

“Os sistemas hipersónicos estão agora a ultrapassar os limites em termos de capacidade de manobra, indo além do que pode ser feito pelo corpo humano“, disse Krevor à Ars Technica.

“Portanto, poder realizar voos com uma plataforma de testes hipersónica autónoma e reutilizável garante que estes voos estão a explorar toda a capacidade que representa o que está a ocorrer no desenvolvimento de sistemas hipersónicos hoje”, nota o CEO da Stratolaunch.

O objetivo do programa MACH-TB é criar uma plataforma de testes para que as empresas de defesa testem vários subsistemas e materiais nas condições severas geradas pelas velocidades hipersónicas.

A Stratolaunch não é a única empresa envolvida no programa. A startup norte-americana Rocket Lab, que planeia enviar à Lua uma nave espacial privada, criou também uma versão suborbital do seu foguetão Electron para utilização como plataforma de testes hipersónicos.

Mas a reutilização do Talon-A2 será provavelmente atrativa para empresas que procuram iterar rapidamente em designs hipersónicos — e sugere que os EUA poderão não ficar atrasados na corrida hipersónica por muito mais tempo.

ZAP //

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