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Autoridades russas invadem mosteiro e detêm monge que nega existência da covid-19

As forças especiais da polícia russa invadiram um mosteiro para deter um monge que repreendeu o Kremlin e a liderança da Igreja Ortodoxa Russa e negou a existência do coronavírus.

Durante a detenção, as autoridades entraram em confronto com os apoiantes do monge Sergiy, que se encontrava no mosteiro Sredneuralsk, nos montes Urais. Este foi levado de avião para Moscovo, acusado de incitar ações suicidas nos seus sermões, nos quais exortava os crentes a “morrerem pela Rússia”. Este negou as acusações.

Quando o coronavírus chegou à Rússia, no início do ano, o monge de 65 anos negou a sua existência e classificou os esforços do governo para conter a pandemia como o “acampamento eletrónico de Satanás”, afirmando que as vacinas contra a covid-19 fazem parte de um plano global para controlar as pessoas através de chips, noticiou o Guardian.

Sergiy, que pediu aos seguidores que desobedecessem às medidas de contenção do governo, se escondeu no mosteiro perto de Ekaterinburg, que o próprio fundou. Dezenas de voluntários, incluindo veteranos do conflito separatista no leste da Ucrânia, ajudaram a fazer cumprir as suas ordens.

O monge repreendeu o Presidente russo, Vladimir Putin, considerando-o um “traidor da pátria”, que está a servir um “governo mundial” satânico. Repreendeu também o chefe da Igreja Ortodoxa Russa, o Patriarca Kirill, bem como outros clérigos, indicando que se tratam de “hereges” e que deviam ser “expulsos”.

A Igreja Ortodoxa Russa retirou Sergiy do seu posto de abade em julho, por quebrar as regras monásticas, mas este rejeitou a decisão e ignorou a intimação das autoridades.

Centenas de apoiantes de Sergiy continuaram a se manifestar no mosteiro, horas depois que este ter sido foi levado.

Sergiy, que nasceu Nikolai Romanov, foi agente das autoridades durante a era soviética. Depois de deixar o cargo, foi condenado por roubo e agressão e sentenciado a 13 anos de prisão. Após ser libertado, se juntou a uma escola da igreja e mais tarde se tornou monge.

O monge se tornou conhecido pelos seus esforços para abrir novas igrejas e mosteiros nos montes Urais. Nos seus sermões, denunciou supostas conspirações do “governo mundial” e glorificou o último czar da Rússia, Nicolau II, morto pelos bolcheviques junto com a sua família, em Ekaterinburg, no ano de 1918.

Sergiy é um dos clérigos ultraconservadores que desafiam a liderança da Igreja Ortodoxa Russa, com as suas ações a contestar a autoridade do Patriarca Kirill.

Taísa Pagno //

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