As eleições autárquicas vão servir de ringue para Paulo Rangel e Luís Montenegro ganharem terreno na luta pela liderança do PSD.
Em pés de lã, Paulo Rangel e Luís Montenegro vão tentando ganhar terreno na hierarquia social-democrata. Os dois candidatos às eleições autárquicas vão usar este ato eleitoral como palco para marcarem terreno no partido, embora não admitam a sua intenção de liderar o PSD.
Luís Montenegro já tem experiência passada. Nas últimas eleições diretas, em 2020, o antigo líder parlamentar perdeu para Rui Rio.
Apesar de ter perdido o embate com Rio, Montenegro deixou a sua marca no partido. A candidata autárquica Carla Rodrigues convidou-o para o lançamento da sua candidatura em Oliveira de Azeméis, assim como o candidato do PSD/CDS-PP em Marvão. Simão Ribeiro também deverá convidar Montenegro para a apresentação da sua candidatura em Lousada.
Estes convites continuam a chegar e Luís Montenegro deverá aceitar fazer campanha autárquica em setembro, ainda que de forma pontual, apurou o jornal Público.
Montenegro recorreu muitas vezes ao silêncio para evitar vir a ser acusado de ser um factor de desestabilização do partido e responsabilizado por um eventual desaire eleitoral. No entanto, espera-se que em janeiro de 2022 parta para um segundo round com Rui Rio — desta vez com previsões mais otimistas de o derrotar.
Se Luís Montenegro tem sido mais discreto na sua aproximação à liderança do PSD, Paulo Rangel nem tanto. Mais ativo nas redes sociais, Rangel é uma voz ativa na crítica ao Governo e não tem medo de contrariar a posição oficial do seu partido. Exemplo disso foi precisamente o referendo à eutanásia, em que se assumiu publicamente a favor.
Rangel também participou em várias apresentações de candidatos autárquicos, como Santa Maria da Feira, Fafe, Santarém, Valongo, Oliveira de Frades, Vila Nova de Gaia e Porto.
Os seus apoiantes vêm Rangel como uma figura mais forte do que Luís Montenegro para derrotar Rui Rio. No entanto, depois de não ter avançado para a liderança do partido na sucessão de Passos Coelho, em 2018, alguns apoiantes temem que volte a acontecer o mesmo.
Para já, uma das maiores incógnitas, que pode mudar completamente as dinâmicas das próximas eleições diretas, é a recandidatura de Rui Rio. Ainda não se sabe o atual líder do PSD vai tentar seguir o terceiro mandato.
O Montenegro tentou anular Rui Rio, mas parece que os apoiantes de Rio são bem mais expressivos, apesar de não o demonstrarem apoio publicamente.