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Autarcas do PS contra mexidas no Governo. Pelo menos, antes das eleições

José Sena Goulão / Lusa

O primeiro-ministro António Costa

Os autarcas socialistas estão alinhados com António Costa: são contra mexidas no Governo a menos de dois meses das eleições autárquicas.

Ao jornal Público, o presidente da Câmara de Paredes, Alexandre Almeida, admitiu que há “áreas que sofreram um desgaste extraordinário dadas as circunstâncias também elas extraordinárias da pandemia, e tudo o que isso envolve, como a Saúde ou a Administração Interna”.

No entanto, entende que, “enquanto a pandemia não for debelada, a ministra da Saúde deve continuar, a menos que o desgaste a que tem sido sujeita a leve, ela própria, a solicitar a sua substituição”. Em relação a Eduardo Cabrita, reconhece que “está fragilizado” e admite que possa vir a ser substituído.

À exceção destes dois governantes, o autarca não vê benefícios na antecipação de uma remodelação. “Tirando aqueles núcleos de votantes, que são uma minoria, que, independentemente dos candidatos, votam no seu partido, os eleitores votam nas pessoas, nos candidatos, independentemente do partido que os apoia, pelo que não vejo que a remodelação pudesse dar um novo élan“, justificou.

Miguel Alves, autarca de Caminha, atira para o primeiro-ministro essa responsabilidade, mas também não vê vantagens numa remodelação antes das eleições, marcadas para 26 de setembro.

“Sei que é contra uma corrente de opinião e, sobretudo, contra a tese propagandística da oposição (…), mas não vejo como possa ter qualquer utilidade uma remodelação nesta altura”, disse, em declarações ao diário.

O presidente da Câmara de Caminha, que antecipa uma “grande vitória eleitoral” do PS nas próximas eleições, acredita que o Governo sairá reforçado. “E não falo só dos resultados eleitorais, refiro-me também ao modo como o PS chega, depois das eleições, ao debate sobre o próximo Orçamento do Estado.”

Neste cenário, António Costa terá “melhores condições” para fazer os ajustes que entender.

A presidente da Câmara de Portimão, Isilda Gomes, também não vê a remodelação como uma prioridade. “Não sei mesmo se os membros do atual Governo merecem ser julgados, às vezes de uma forma tão fria e contundente, numa conjuntura como esta”, afirmou.

Ao mesmo jornal, André Viveiros, candidato do PS à Câmara de Ponta Delgada, não acredita que o resultado eleitoral para o maior município dos Açores seja influenciado por decisões nacionais.

Da mesma forma, Emanuel Câmara, candidato à Câmara de Porto Moniz, na Madeira, desvaloriza o impacto que uma eventual remodelação governamental possa ter nas autárquicas.

“O senhor primeiro-ministro agirá da forma que for melhor para o país, e nós, autarcas socialistas, trabalhamos para o melhor do nosso município”, referiu.

Célia Pessegueiro, autarca e recandidata na Ponta do Sol, também delimita as diferenças: “uma coisa é o Governo, outra coisa são as autarquias”.

No passado domingo, no habitual espaço de comentário na SIC, Luís Marques Mendes falou sobre a remodelação governamental e apontou quatro nomes.

Para o conselheiro de Estado, os mais prováveis a sair do Governo são Eduardo Cabrita, ministro da Administração Interna cuja saída diz ser inevitável; Francisca Van Dunem, da Justiça; Graça Fonseca, da Cultura; e Manuel Heitor, da Ciência, Tecnologia e Ensino Superior.

Quanto ao ministro dos Negócios Estrangeiros, Augusto Santos Silva; o do mar, Ricardo Serrão Santos; e a da Agricultura, Maia do Céu Antunes, poucas certezas há sobre a manutenção no Executivo.

ZAP //

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