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Atrasos nas vacinas. União Europeia prepara-se para colocar AstraZeneca em tribunal

Fred Tanneau / AFP

A Comissão Europeia está a preparar-se para iniciar um processo judicial contra a farmacêutica AstraZeneca, segundo cinco diplomatas da União Europeia (UE).

A informação é avançada esta quinta-feira pelo jornal Politico, que relata que a questão foi levantada pela Comissão Europeia numa reunião de embaixadores esta quarta-feira, durante a qual a maioria dos estados-membros disse que apoiaria processar a empresa devido às falhas nas entregas das doses prometidas ao bloco europeu.

Um diplomata explicou ao jornal que o objetivo do processo legal é obrigar a AstraZeneca a fornecer as doses estipuladas no seu contrato com a UE.

Outros dois diplomatas afirmaram ainda que, segundo o prazo estabelecido, os países da UE devem assinar o lançamento de procedimentos legais até ao final desta semana.

A AstraZeneca atiçou a ira da UE em janeiro, quando disse que não conseguiria fornecer ao bloco europeu o número de doses inicialmente previsto. No final do primeiro trimestre, a empresa entregou 30 milhões de doses aos países da UE – em vez das 100 milhões de doses prometidas.

A escassez prejudicou gravemente as campanhas de vacinação nos países da UE.

Além disso, a empresa projetou que entregaria cerca de 70 milhões de doses até o final do segundo trimestre do ano, quando deveria ter entregue todas as 300 milhões de doses garantidas no contrato.

Este mês, fonte do Ministério da Saúde italiano avançou que a UE não vai renovar os contratos da vacina contra a covid-19 com empresas como Astrazeneca e Johnson & Johnson no próximo ano.

A Comissão Europeia decidiu que os contratos com as empresas produtoras de vacinas com vetor viral válidas para o ano em curso não serão renovados. As vacinas contra a covid-19 da AstraZeneca e da Johnson & Johnson enquadram-se neste tipo de vacinas.

Vacina da Valneva entra na 3.ª fase

O laboratório Valneva anunciou esta quarta-feira que a vacina que desenvolveu contra o SARS-CoV-2 vai entrar na terceira fase de ensaios clínicos, a última etapa antes do pedido de comercialização do fármaco.

Em comunicado, a empresa biotecnológica explicitou que a VLA2001 vai entrar no patamar denominado “Cov-Compare”, cujo propósito é comparar a resposta imunitária da vacina candidata da Valneva em relação à vacina Vaxzevria da AstraZeneca, que já está a ser administrada em vários países, apesar do percalço que levou à suspensão temporária em várias nações, incluindo Portugal, por causa do receio de correlação entre a inoculação a formação de coágulos.

“Cerca de 4.000 voluntários receberão as duas doses de uma das vacinas”, descreveu a Valneva, especificando que o ensaio clínico vai decorrer em 25 locais no Reino Unido.

A Valneva espera “demonstrar a superioridade da VLA2001 em comparação com a Vaxzevria duas semanas depois da vacinação”, através da mediação dos anticorpos específicos para o SARS-CoV-2.

Na eventualidade de os resultados serem positivos, a Valneva prevê apresentar os pedidos de autorização para comercializar o fármaco durante “o outono de 2021”.

Maria Campos, ZAP // Lusa

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