Supertaça, sete vitórias em oito jogos no campeonato, início hesitante na Liga Europa. Os assobios no Dragão justificam-se?
O novo FC Porto tem vencido quase sempre, nesta fase inicial da época, mas ouviu assobios dos adeptos nos últimos dois jogos, ambos em casa.
No Estádio do Dragão, nos últimos dias os portistas empataram com o Manchester United (3-3), para a Liga Europa, e venceram o Sporting de Braga (vitória por 2-1), para a I Liga. E foram assobiados mesmo assim.
O presidente do FC Porto, André Villas-Boas, considerou nesta terça-feira que os adeptos são soberanos e “quando têm que assobiar, assobiam, pois a exigência do clube é ganhar”, mas esta situação desagrada aos jogadores.
“Os adeptos dos FC Porto foram sempre muito exigentes e o clube não quer estar três anos sem ganhar o campeonato nacional. A exigência está presente”, disse André Villas-Boas.
O presidente portista, que falava à margem da Conferência de Ministros do Desporto do Conselho da Europa, no Porto, considera que os adeptos “sentem essa ansiedade e demonstram-no através dos assobios e que isto é algo que está relacionado com a exigência do FC Porto”.
“Estamos aqui para ganhar e não para perder. Essa é a mensagem que o ‘mister’ [Vítor Bruno] tem passado ao grupo e eu também. E que os jogadores sabem perfeitamente. Para nós, são situações normais de lidar”, adiantou o líder dos ’dragões’.
André Villas-Boas acrescentou que tem “registado o desagrado dos atletas” perante a situação dos assobios e que isso “é um sinal importante da necessidade de reeducar a massa adepta e de adotar uma nova forma de estar nos estádios” – não ficou claro se estava a falar só dos adeptos do FC Porto, ou dos adeptos de futebol em Portugal, no geral.
Justifica-se?
A equipa portista começou a temporada com uma vitória memorável na Supertaça, contra o Sporting. Esteve a perder por 0-3 mas ainda ganhou por 4-3, após prolongamento.
Em oito jogos no campeonato, o FC Porto ganhou quase todos (sete). A única derrota foi contra…o Sporting; 2-0 em Alvalade. De resto, só triunfos, incluindo 3-0 em Guimarães e 4-0 na receção ao Arouca.
A equipa de Vítor Bruno só tremeu na Liga Europa, para já: dois jogos, nenhuma vitória. O pior jogo da época no desaire (3-2) frente ao Bodo/Glimt e o tal empate frente ao Manchester United, quando vencia aos 90 minutos.
Ou seja, no geral 11 jogos, 8 vitórias e 2 derrotas, com um empate pelo meio. Um troféu conquistado e segundo lugar no campeonato, a somente três pontos do líder e campeão Sporting.
Durante o duelo com o SC Braga, os jogadores Samu e Galeno pediram para os assobios pararem; o treinador Vítor Bruno disse depois do jogo que “é importante perceber que a equipa precisa do apoio de fora quando as coisas não correm bem”.
Perante o registo quase sempre vitorioso, os assobios justificam-se? Paulo Sérgio acha que não.
O jornalista da Antena 1 lembra que todos os adeptos têm direito a criticar o que estão a ver, mas convém lembrar o contexto deste FC Porto: o “eterno” presidente Pinto da Costa saiu, o duradouro Sérgio Conceição também, o clube “não tem dinheiro”, vários futebolistas saíram no Verão passado.
“Muitas alterações, numa mudança clara de ciclo. Mas estarão as coisas a correr assim tão mal que justifiquem estes assobios e a contestação? Não me parece“, comentou, lembrando os números mencionados acima.
Lembrando um extra: o registo destas oito primeiras jornadas do campeonato é o segundo melhor ao longo da última década portista.
“Com este contexto todo, não consigo perceber os assobios. O adepto do FC Porto é exigente mas também suficientemente adulto para perceber a realidade do clube: é necessário dar tempo ao tempo, mesmo quando não haja muito tempo para dar”, analisa Paulo Sérgio.
Pichagens normais
Voltando às declarações de Villas-Boas, o presidente do FC Porto abordou ainda a questão das pichagens em alguns muros nas imediações do estádio, com frases, por exemplo, a pedir a sua saída e o regresso do ex-treinador Sérgio Conceição.
“As pichagens são normais. Enquanto os assobios no Dragão parecem um movimento orgânico soberano, ali parecem mais uma patetice, uma encomenda infantil, uma tentativa de desestabilização do FC Porto”, considerou o presidente ‘azul e branco’.
André Villas-Boas realçou que “os Super Dragões, enquanto grupo organizado que são, distanciaram-se imediatamente dessas pichagens, que são uma infantilidade e uma patetice de alguém que quer desestabilizar o FC Porto, mas sem qualquer valor”.
“Um infeliz qualquer. O único problema é que o Porto Ambiente passa a vida a limpar muros”, gracejou André Villas-Boas.
ZAP // Lusa