As esponjas fornecem o ambiente físico ideal para que os micróbios possam prosperar. São capazes de abrigar 54 milhões de bactérias por centímetro cúbico.
Para além de estarem a maior parte do tempo húmidas, expostas ao ar e com restos de comida, as esponjas proporcionam um ambiente físico perfeito para as bactérias.
Segundo os autores de um novo estudo, publicado na Nature em fevereiro deste ano, tal como os seres humanos, as bactérias têm níveis diferentes de socialização com os seus pares.
A equipa de investigadores, liderada pelo biólogo Lingchong You, da Universidade de Duke, questionou até que ponto separar fisicamente diferentes estirpes de micróbios afetaria as suas interações comunitárias.
De acordo com a ScienceNews, a equipa concluiu que níveis intermédios de separação entre colónias de bactérias — como a que ocorre nas vulgares esponjas de cozinha — acaba por maximizar a sua diversidade genética.
Os investigadores distribuíram diferentes estirpes de E. coli, tipo de bactéria comum encontrada no meio ambiente e comida, em placas com 6 a 1536 orifícios, que funcionaram como compartimentos isolados.
Após 30 horas, a equipa examinou o número e os tipos de estirpes bacterianas em cada placa, que funcionou como um “compartimento” ao qual as bactérias foram atribuídas aleatoriamente, diz You.
Separadas em apenas 6 compartimentos, cada “comunidade” tem provavelmente uma mistura semelhante de bactérias, e apenas as bactéria sociais sobrevivem.
Quando organizadas em 1536 compartimentos diferentes, cada micróbio está provavelmente sozinho, e as bactérias sociais morrem.
Mas um número intermédio de compartimentos maximiza as probabilidades de um micróbio frequentar a “comunidade” que prefere.
Um micróbio anti-social pode morrer numa “comunidade” que é dominada por bactérias sociais, mas outro micróbio anti-social pode acabar numa concentração de frio e sobreviver. A biodiversidade é preservada.
“Em retrospetiva, isto é muito, muito intuitivo. O que identificámos é um princípio que é universalmente aplicável a qualquer comunidade microbiana”, explica You.
As esponjas de cozinha, com uma variedade de buracos grandes e pequenos, não só oferecem um número ideal de compartimentos para as bactérias, mas também proporcionam uma gama partes de tamanhos variados que podem satisfazer ainda mais as necessidades dos micróbios.
Em experiências com uma esponja de cozinha, os investigadores descobriram que a comunidade bacteriana resultante era mais diversificada do que as produzidas em meios líquidos, um método comum de cultivo de bactérias num laboratório.
Felizmente, as bactérias que habitam nas nossas esponjas de cozinha são, na sua maioria, não patogénicas. Mas se bactérias perigosas — como as salmonelas — aparecerem, a estrutura ideal da esponja irá provavelmente ajudá-las a sobreviver.
“As esponjas não são realmente adequadas à higiene da cozinha” diz Markus Egert, microbiologista da Universidade de Furtwangen, na Alemanha, que não esteve envolvido no estudo.
“Quase não há superfície esterilizada em casa, mas a esponja de cozinha é provavelmente o artigo mais densamente povoado em casa”.
Preferencialmente, não use a sua esponja para lavar recipientes que estiveram em contacto com carne. Não há necessidade de convidar bactérias más para a “festa”. Por isso, não se deve lavar a carne, para evitar deixar esse tipo de bactérias na cozinha.
Mas há boas notícias. É fácil resolver o problema. As escovas são uma alternativa muito mais segura.