Armas ocidentais alteram “equilíbrio” do conflito. Putin admite “desafio” das sanções, mas diz que é impossível isolar a Rússia

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Presidência da Ucrânia / Wikimedia

O Presidente da Ucrânia, Volodymyr Zelenskyy.

O Presidente da Ucrânia, Volodymyr Zelenskyy, disse que as Forças Armadas são agora capazes de infligir “perdas significativas” aos russos, enquanto autoridades ucranianas garantiram que as remessas de armas ocidentais estão a alterar o equilíbrio no campo de batalha.

Na sua declaração diária, referiu que é “cada vez mais difícil para o exército russo manter posições no território capturado. Passo a passo, avançamos, interrompemos o abastecimento dos ocupantes, e identificamos e neutralizamos os colaboradores”.

Valeriy Zaluzhniy, comandante-chefe das Forças Armadas da Ucrânia, disse que a “chegada oportuna” de artilharia de longo alcance, como o sistema HIMARS dos Estados Unidos (EUA), tem alterado o campo de batalha.

O Presidente ucraniano alegou ainda que 1028 povoamentos foram “libertados dos ocupantes” e outros 2621 ainda estão sob o controlo dos invasores. “Devemos manter a troca de informações com todos eles – com todas onde houver pessoas. Tanto quanto possível”, apontou.

Zelenskyy lembrou uma fotografia que circulou nas redes sociais na segunda-feira, na qual é possível ver um adolescente em frente ao teatro de Mariupol, destruído num ataque russo, agradecendo a bravura do ato e destacando o jovem como um dos muitos ucranianos que não aceitam a ocupação russa sob nenhuma circunstância.

Entretanto, o ministro dos Negócios Estrangeiros ucraniano, Dmytro Kuleba, citado pela Euromaiden Press, referiu que a Ucrânia vai romper as ligações diplomáticas com a Bielorrússia caso as suas forças cruzem a fronteira em apoio à invasão russa.

Kuleba lembrou ainda que as relações diplomáticas com a Rússia cessaram com o início da guerra e que o mesmo vai acontecer se a Bielorrússia decidir invadir. “A Bielorrússia é cúmplice neste crime de agressão, ninguém questiona isso”.

O chefe da diplomacia ucraniana criticou a posição contraditória da Bielorrússia que, apesar de manter relações com a Ucrânia, cedeu território aos russos para bombardear o território ucraniano.

Na semana passada, o chefe de Estado bielorrusso revelou que reforçou a presença militar na fronteira que partilha com a Ucrânia. “Deus nos livre se esta guerra um dia chegue à Bielorrússia. Mas será da maneira que teremos de proteger a nossa pátria se pessoas loucas fizerem isso”, assinalou Alexander Lukashenko.

Rússia volta a bombardear Odessa e Dnipro

O exército russo bombardeou nas últimas horas a região de Odessa, no oeste da Ucrânia, e a região de Dnipropetrovsk, no centro, onde destruiu infraestrutura e causou pelo menos seis feridos, avançou a agência Ukrinform, citando o Comando Operacional Sul da Ucrânia, que fala em “sete mísseis do tipo Kalibr”.

Os mísseis foram disparados a partir do Mar Negro, com um deles abatido pelas forças de defesa aérea, e os outros seis a atingir uma aldeia.

O ataque destruiu três casas e outros dois edifícios públicos, na sequência de um incêndio causado pelo bombardeamento. Outras propriedades particulares, carros, uma escola e um centro cultural foram também danificados, acrescentou o comando.

Seis pessoas ficaram feridas, incluindo uma criança, e o fogo consumiu uma área de cerca de 300 metros quadrados, embora tenha sido rapidamente extinto.

Também esta terça-feira as autoridades da Ucrânia acusaram a Rússia de ter levado a cabo intensos ataques na região de Sumy, norte do país, durante a última noite, tendo sido registado o disparo de mais de 150 projéteis.

As tropas russas intensificaram os ataques de artilharia pesada, mísseis, morteiros e lançamento de granadas, de acordo com a Ukrinform, que cita o comandante militar da região.

Apesar desses ataques, o Ministério da Defesa britânico informou que a Rússia tem lutado para manter um poder de combate eficaz e terá provavelmente mais dificuldade em fazê-lo a partir de agora. “Além de lidar com uma grave falta de pessoal, os russos enfrentam um dilema entre colocar reservas no Donbas ou defender-se dos contra-ataques ucranianos no setor sudoeste de Kherson”.

“É impossível isolar a Rússia do mundo”

Na segunda-feira, Putin indicou que é impossível cortar a Rússia do resto do mundo. Embora admita que as sanções impostas pelo Ocidente são “um grande desafio”, garantiu que não vão fazer regredir o desenvolvimento do país.

“Não apenas as restrições, mas o encerramento quase completo do acesso a produtos estrangeiros de alta tecnologia está a ser, deliberadamente, usada contra o nosso país”, afirmou, citado pela agência Reuters. “Mas não vamos desistir e entrar num estado de desordem”, sublinhou.

Para o líder russo, a resposta está numa aposta no desenvolvimento de tecnologia e de empresas no país. Entretanto o ministro das Finanças, Anton Siluanov, referiu que esta é uma prioridade, mas que cada rublo (moeda russa) de investimento estatal deve ser acompanhado por pelo menos três rublos de investimento privado.

Desde o início da guerra na Ucrânia que a Rússia tem sido atingida por sanções com o objetivo de isolar o país da economia global.

Esta segunda-feira, os ministros dos Negócios Estrangeiros da União Europeia estiveram reunidos para discutir um novo pacote de sanções a aplicar a Moscovo. O Conselho Europeu já chegou a um acordo para um novo pacote de 500 milhões de euros para ajuda militar à Ucrânia, a partir do Fundo Europeu da Paz.

Coreia do Norte poderá enviar trabalhadores

A Coreia do Norte poderá enviar trabalhadores para as autoproclamadas repúblicas populares de Donetsk e Luhansk, avançou o embaixador russo na Coreia do Norte, Alexander Matsegora, ao Izvestia, citada pelo portal sul-coreano NK.

As declarações surgem cerca de uma semana depois de Pyongyang ter reconhecido formalmente a independência de Donetsk e Luhansk, duas regiões de facto controladas pela Rússia, mas formalmente parte do território ucraniano.

De acordo com o NK, o embaixador russo salientou que poderá haver “muitas oportunidades” para uma cooperação entre a Coreia do Norte e as repúblicas de Donetsk e Luhansk.

“Em primeiro lugar, os construtores coreanos, altamente qualificados e muito trabalhadores, que são capazes de trabalhar nas condições mais difíceis, poderá ajudar-nos a recuperar as instalações sociais, de infraestruturas e industriais, que foram destruídas pelos nazis ucranianos que estão em retirada”, disse Matsegora.

Por outro lado, o embaixador destacou que também a Coreia do Norte poderá beneficiar das trocas comerciais com as regiões de Donbass, nomeadamente no que toca a equipamento industrial para muitas das fábricas e outras instalações norte-coreanas, que são de origem soviética.

Estas eventuais relações da Coreia do Norte com as repúblicas de Lugansk e Donetsk, a concretizarem-se, representariam violações das sanções internacionais contra Pyongyang. Contudo, o facto de as repúblicas não serem estados-membros da ONU faz com que estas violações das sanções não possam ser punidas.

Incêndios em campos de cereais ucranianos

O conflito na Ucrânia está a atingir os campos agrícolas, em particular os de trigo, que estão a ser incendiados pelas forças russas como parte de uma estratégia para usar a fome mundial como arma de guerra, acusaram as autoridades ucranianas, que dizem que a Rússia está a destruir as plantações “propositadamente”.

À CNN, o chefe da administração regional de Donetsk, Pavlo Kyrylenko, denunciou que o “inimigo” está a usar a destruição intencional dos campos durante a época das colheitas como uma tática de guerra.

Já na semana passada, a polícia da região de Kherson abriu um processo criminal pela “destruição propositada” de colheitas pelas forças russas.

“Incêndios em grande escala ocorrem todos os dias, centenas de hectares de trigo, cevada e outros grãos já foram queimados”, disse a polícia da região ao canal.

Segundo as autoridades, os militares impedem as pessoas de extinguir os fogos, referindo um caso em que foram destruídos 12 hectares de cultivo na região de Rozlyv, atualmente sob controlo das forças russas.

Este mês, o ministério da Defesa ucraniano publicou no Twitter uma imagem de um incêndio num campo de cereais na região de Zaporíjia. “Se não é o trigo ucraniano que está a arder é a segurança alimentar do mundo que está a arder”, lê-se na publicação.

Também o porta-voz do ministério dos Negócios Estrangeiros partilhou a mesma imagem, afirmando que milhões de pessoas vão passar fome devido à “guerra brutal” lançada pela Rússia. “Lembrem-se desta imagem cada vez que os russos disserem que se preocupam com a segurança global alimentar”, escreveu Oleg Nikolenko.

A NEXTA divulgou imagens do jornalista Yuriy Butusov de um fogo provocado num campo agrícola em Kharkiv, destruído após um bombardeamento russo.

Conselho dos Pulitzer rejeita pedido de Trump

O conselho dos Prémios Pulitzer rejeitou esta terça-feira um pedido do ex-Presidente dos EUA, Donald Trump, para anular as distinções de 2018 ao New York Times e Washington Post, pelas suas investigações sobre a interferência russa em eleições, avançou a agência Lusa.

O magnata republicano exigiu, em outubro, a anulação destes prémios, defendendo que os artigos publicados por aqueles meios de comunicação se baseavam em “informações falsas sobre ligações inexistentes entre o Kremlin (presidência russa) e a campanha eleitoral do ex-Presidente”, e aludiu a uma acusação de falsidade nas informações tratadas pelo FBI (polícia federal).

Trump apontou para as acusações feitas por um procurador especial dos EUA contra Michael Sussmann, que trabalhou para Hillary Clinton na campanha presidencial de 2016 e que alegadamente mentiu ao FBI, quando deu à agência informações sobre possíveis ligações entre Trump e o Alpha Bank, ligado ao Kremlin.

O advogado de Clinton, acusado de mentir ao FBI, foi absolvido no início deste ano. Na altura em que os dados foram divulgados, o FBI investigava se o Kremlin (presidência russa) e a campanha de Trump estavam coordenados para influenciar a eleição presidencial de novembro, que o magnata republicano conquistou.

Primeira-dama da Ucrânia visita os EUA

A primeira-dama da Ucrânia, Olena Zelenska, reuniu-se na segunda-feira com o secretário de Estado Antony Blinken, no arranque de um conjunto de aparições em Washington, que incluirá um encontro com a homóloga norte-americana, Jill Biden.

Ao longo da Pennsylvania Avenue, as bandeiras ucranianas, azuis e amarelas, destacavam-se ao lado das norte-americanas enquanto Zelenska se dirigiria para o primeiro evento anunciado nos Estados Unidos, o encontro com Blinken.

O porta-voz do Departamento de Estado, Ned Price, referiu que o secretário de Estado garantiu a Zelenska o compromisso dos EUA com a Ucrânia.

Taísa Pagno , ZAP //

1 Comment

  1. Para onde estamos indo agora? O profeta Daniel escreve: “E [o rei do norte = Rússia desde a segunda metade do século XIX. (Daniel 11:27)] tornará para a sua terra com muitos bens [1945], e o seu coração será contra a santa aliança [a União Soviética introduziu o ateísmo estatal e os crentes foram perseguidos]; e vai agir [isso significa alta atividade no cenário internacional], e voltará para a sua terra [1991-1993. A dissolução da União Soviética e o Pacto de Varsóvia. As tropas russas retornaram a sua terra]. No tempo designado voltará [as tropas russas voltarão para onde estavam anteriormente estacionadas. Isto também significa ação militar, grande crise, desintegração da União Europeia e da NATO. Muitos países do antigo bloco de Leste voltará à esfera de influência russa]. E entrará no sul [por causa do conflito étnico (Mateus 24:7)], mas não serão como antes ou como mais tarde [estas ações militares não conduzirão a uma guerra nuclear global. Esta guerra só começará após o retorno do rei do norte], porque os habitantes das costas de Quitim [o distante Ocidente, ou para ser mais preciso, os americanos] virão contra ele, e (ele) se quebrará [mentalmente], e voltará atrás”. (Daniel 11:28-30a) Desta vez será uma guerra mundial, não só pelo nome. A “poderosa espada” também será usada. (Apocalipse 6:4) Jesus o caracterizou assim: “coisas atemorizantes [φοβητρα] tanto [τε] quanto [και] extraordinárias [σημεια] do [απ] céu [ουρανου], poderosos [μεγαλα] serão [εσται].”
    É precisamente por causa disso haverá tremores significativos ao longo de todo o comprimento e largura das regiões [estrategicamente importantes], e fomes e pestes.
    Muitos dos manuscritos contém as palavras “e geadas” [και χειμωνες].
    A Peshitta Aramaica: “וסתוא רורבא נהוון” – “e haverá grandes geadas”. Nós chamamos isso hoje de “inverno nuclear”. (Lucas 21:11)
    Em Marcos 13:8 também há palavras de Jesus: “e desordens” [και ταραχαι].
    A Peshitta Aramaica: “ושגושיא” – “e confusão” (sobre o estado da ordem pública).
    Este sinal extremamente detalhado se encaixa em apenas uma guerra.
    Mas todas essas coisas serão apenas como as primeiras dores de um parto. (Mateus 24:8)
    Este será um sinal de que o “dia do Senhor” (o período de julgamento) realmente começou. (Apocalipse 1:10; 2 Tessalonicenses 2:2)

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