Kiev corta relações com Coreia do Norte. Rússia e Ucrânia mais perto de desbloquear cereais

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(h) UKrainian Presidential Press Service / EPA

O presidente da Ucrânia, Volodymyr Zelenskyy

O Presidente ucraniano anunciou o corte de relações diplomáticas com a Coreia do Norte após Pyongyang reconhecer a independência das autoproclamadas Repúblicas Populares de Donetsk e Luhansk.

Volodymyr Zelenskyy disse que o reconhecimento da Coreia do Norte da chamada “independência das áreas temporariamente ocupadas pela Rússia nas regiões de Donetsk e Luhansk no leste do país não requer sequer uma resposta, porque é muito óbvio para onde a Ucrânia se dirige e para onde os ocupantes se dirigem”.

A Coreia do Norte reconheceu na quarta-feira a independência de Donetsk e Lugansk, no leste da Ucrânia, juntando-se à Rússia e Síria, anunciou a embaixada norte-coreana em Moscovo, noticiou a agência Lusa.

Entretanto, a Rússia voltou esta quinta-feira a bombardear a cidade de Mykolaiv, no sul da Ucrânia, denunciou no Telegram o autarca da cidade, Oleksandr Sienkevych, com as explosões a serem ouvidas antes das 06:00 (hora local). As forças russas “atingiram um número de objetos civis em Mykolaiv”, indicou.

A Rússia bombardeou também a Ilha da Serpente durante a madrugada, um território que havia sido reconquistado há cerca de 15 dias pelas forças ucranianas. De acordo com o Guardian, que cita o comando operacional ucraniano, o ataque russo falhou, uma vez que as bombas caíram no mar.

Contudo, segundo informou esta quinta-feira o Ministério da Defesa britânico, as tropas russas não fizeram “avanços territoriais significativos nas últimas 72 horas”. “Estão em risco de perder o momentum após capturarem Lysychansk”.

A mesma entidade referiu que os veículos e armas “velhas”, assim como as “táticas soviéticas” não conseguem originar avanços no terreno, a não ser que sejam usadas de uma “maneira massiva”, algo que a Rússia “não consegue fazer” no momento.

Rússia e Ucrânia mais perto de desbloquear cereais

A Rússia e a Ucrânia vão tentar resolver o bloqueio das exportações dos cereais dos portos ucranianos com novas negociações “na próxima semana”, na cidade turca de Istambul, anunciou esta quinta-feira a Turquia.

“Foi acordado que as delegações da Rússia e da Ucrânia vão se encontrar novamente na Turquia na próxima semana”, disse o ministro da Defesa turco, Hulusi Akar, citado num comunicado.

Akar destacou que as delegações formadas por especialistas em defesa dos dois países beligerantes acordaram “controlos comuns” nos portos e os meios de “garantir a segurança das rotas de transferência” das mercadorias através do mar Negro.

De acordo com o ministro, na próxima semana pode ser anunciado um acordo final sobre a libertação de 20 a 25 milhões de toneladas de cereais atualmente retidos nos portos ucranianos.

Sobre o tema, Zelenskyy afirmou estão a ser feitos “esforços significativos para restabelecer o fornecimento de alimentos no mercado mundial”, agradecendo o apoio da ONU e da Turquia.

“Estamos a fazer esforços significativos para restabelecer o fornecimento de alimentos ao mercado mundial. E estou grato às Nações Unidas e à Turquia pelos seus respetivos esforços”, escreveu no Telegram. Segundo o chefe de Estado ucraniano, o sucesso deste caso “é necessário” para “todo o mundo”.

“Se conseguirmos remover a ameaça russa à navegação no mar Negro, isso vai terminar com gravidade da crise alimentar mundial”, disse, acrescentando que “a delegação ucraniana informou-me que há alguns progressos. Vamos acordar os detalhes com o secretário-geral da ONU nos próximos dias”.

O secretário-geral da ONU, António Guterres, descreveu as negociações em Ancara sobre a libertação das toneladas de cereais presas nos portos ucranianos como um “passo decisivo em frente”, mas disse que mais trabalho é necessário antes que um acordo seja assinado na próxima semana, contou o Guardian.

Lituânia aceita levantar bloqueio em Kaliningrado

A Lituânia anunciou que vai cumprir com as diretrizes de Bruxelas e vai permitir a passagem até o enclave de Kaliningrado, com o Ministério dos Negócios Estrangeiros a criticar a decisão da Comissão Europeia, referindo que a anterior política era “mais aceitável”, avançou a agência Reuters.

O país sinalizou igualmente que a nova política de trânsito de bens para Kaliningrado “pode criar a impressão injustificada de um abrandamento da comunidade transatlântica na política de sanções contra a Rússia”.

Por sua vez, o Ministério dos Negócios Estrangeiros russo saúda a decisão, dizendo ser uma “demonstração de realismo e senso comum”. No entanto, Moscovo ainda levanta algumas questões “sobre o conteúdo do documento”.

Já o governador de Kaliningrado, Anton Alikhanov, disse que o objetivo passa por “remover completamente as restrições” no enclave russo.

Crimes de guerra na Ucrânia debatidos em Haia

A cidade de Haia, sede do Tribunal Penal Internacional, acolhe esta quinta-feira uma conferência internacional sobre os crimes de guerra cometidos no âmbito da invasão russa da Ucrânia, com o objetivo de assegurar que os mesmos não ficam impunes, noticiou o Jornal de Notícias.

A Conferência de Responsabilização da Ucrânia é coorganizada pelos Países Baixos, pelo gabinete do procurador do Tribunal Penal Internacional (TPI), o britânico Karim Asad Ahman Khan, e pela Comissão Europeia, e contará com a participação do ministro dos Negócios Estrangeiros português, João Gomes Cravinho, estando prevista uma intervenção por videoconferência de Zelenskyy.

O Ministério dos Negócios Estrangeiros dos Países Baixos referiu que a comunidade internacional já tomou medidas para levar à justiça os criminosos internacionais que cometeram crimes na Ucrânia, sendo o principal objetivo desta conferência garantir uma abordagem coordenada para fazer avançar os processos.

“Após a invasão da Ucrânia, tem havido relatos chocantes de violações graves do direito internacional, dos direitos humanos e do direito humanitário internacional, muitos dos quais podem equivaler a crimes internacionais fundamentais”, lê-se numa nota do Governo neerlandês.

“Embora estes ataques tenham causado um sofrimento não quantificável, deram também origem a uma expressão única de apoio à ação coletiva para assegurar que os responsáveis por crimes internacionais, incluindo os perpetradores diretos e os seus superiores, serão responsabilizados”, continua o documento.

A conferência internacional é também coorganizada pela Comissão Europeia, que em junho passado anunciou a atribuição de 7,25 milhões de euros para apoiar o TPI no nas investigações em curso aos crimes de guerra cometidos pela Rússia na Ucrânia.

Nas últimas horas, a Comissão Europeia lançou um comunicado em que reiterou o seu apoio à Ucrânia nos tribunais internacionais, criticando as alegações das autoridades russas de que está a ser levado a cabo um genocídio em Donbass.

“A Rússia não tem base legal para ter desencadeado a sua ação militar na Ucrânia a partir da alegação de genocídio”, lê-se no comunicado, que também urge as autoridades russas a pararem com a ofensiva.

Bruxelas saudou que os esforços ucranianos para “garantir que a lei internacional é respeitada” e espera que os tribunais internacionais possam “exercer a sua fundação fundamental de promover uma resolução pacífica de diferendos”.

“Reiteramos que a Rússia deve ser responsabilizada pelas suas ações”, referiu a Comissão Europeia, que culpabiliza a Rússia de “violações do Direito internacional”.

Taísa Pagno , ZAP //

5 Comments

  1. Uma coisa é garantida, em portugal os preços nunca mais irão baixar!!!
    Não só porque não há inspecções como não têm vontade de fazer nada!

  2. Caro ZAP,
    Kalininegrado é um exclave e não um enclave.
    É um exclave porque tem acesso independente por mar.
    Seria enclave se esse território estivesse completamente rodeado por um território de outro país.
    Oecussi é também um exclave de Timor-Leste situado na parte ocidental da ilha de Timor que pertence à Indonésia.
    Ceuta é igualmente um exclave de Espanha no território de Marrocos.
    E muitos outros erradamente chamados enclaves são exclaves.

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