A Unilabs vai disponibilizar um teste que permite “diferenciar o novo coronavírus de outros tipos de infeções respiratórias sazonais”, auxiliando os clínicos a realizarem diagnósticos mais precisos.
“A ideia era tentarmos ter uma ferramenta de diagnóstico que, em simultâneo, nos permitisse diferenciar se é ou não covid-19 e, se não for, qual o vírus que está a causar aquele quadro clínico”, afirmou o diretor médico da Unilabs Portugal.
António Maia Gonçalves explicou que a ferramenta surgiu no âmbito de uma colaboração com um laboratório sul coreano. “Agora com a época da gripe, vamos ter doentes a tossir, com dores de garganta, pingo no nariz e com febre a recorrerem aos hospitais e centros de saúde. Clinicamente, é impossível sabermos se é covid-19, uma gripe banal ou gripe A”, observou o médico.
Esta “arma de diagnóstico”, que ficará disponível “nos próximos 10 dias”, permitirá assim, através de uma única amostra via zaragatoa da nasofaringe depreender se se trata do SARS-CoV-2 ou de outras patologias respiratórias.
O teste, realizado mediante prescrição médica, poderá ser feito nos mesmos locais dos testes, em drive thru ou algumas unidades da empresa.
“Depois vamos tentar massificar a distribuição à medida que for necessário”, afirmou António Maia Gonçalves, acrescentando que os resultados ficarão disponíveis entre 24 a 36 horas após a realização do teste. “Este novo teste irá ajudar os médicos a realizar diagnósticos mais precisos e a tomar melhores decisões, com maior rapidez sobre as opções de tratamento de cada caso”, sublinhou o clínico.
Testes rápidos moleculares com fiabilidade de 95%
Os testes rápidos podem ter uma eficácia de 95% no rastreio da covid-19, mas têm de ser moleculares e operados por técnicos especializados, advertiu esta sexta-feira o médico e professor de microbiologia da Universidade de Lisboa (UL) Thomas Hanscheid.
“Há empresas que conseguiram miniaturizar os testes moleculares realizados em laboratório, com capacidade para os colocar no mercado, mas os testes com qualidade são caros e não é só mandá-los para as escolas e para os lares. Não é qualquer pessoa que o pode realizar, como um teste de gravidez”, disse em entrevista à agência Lusa o especialista de origem alemã, docente na Faculdade de Medicina da UL. “Os novos testes moleculares rápidos vão custar muito dinheiro”, afirmou.
Os testes rápidos para doenças infecciosas foram desenvolvidos nos anos 80 devido à malária, com um formato semelhante a um teste de gravidez, mas o que agora se exige para a covid-19 é diferente, alertou o professor. “É preciso ter cuidado para saber que tipo de teste é”, defendeu quando questionado sobre a oferta destes testes, acrescentando que não são todos iguais: “O teste molecular vai amplificar o gene do vírus e é claro que funciona muito melhor”.
Por ser um teste rápido, não significa que qualquer pessoa o sabe operar, referiu, manifestando surpresa com a quantidade de testes (500 mil) que a Cruz Vermelha se propõe distribuir. “Não sei se serão técnicos enviados pela Direção Geral da Saúde, mas é preciso pessoas especializadas”, garantiu.
Para o médico, o recurso a testes rápidos é uma tendência e poderá ser útil em várias circunstâncias, mas a forma como está a usar-se não é ainda muito clara. “Um teste de 15 minutos pode fazer uma grande diferença numa decisão”, reconheceu.
O teste rápido permite, por exemplo, saber no aeroporto, em 15 minutos, se pode fazer uma viagem de um dia, sem ter de esperar pelo resultado dois ou três dias ou ficar de quarentena. Pode também ajudar a manter alguma normalidade numa escola ou num lar, onde é sempre complexo encerrar instalações, até se apurarem todos os casos infetados e reinstalar as pessoas, no caso dos idosos.
“Há sempre a possibilidade de falhar algum, mas isso é sempre assim”, indicou, referindo que os testes rápidos, quando bem aplicados, “podem ajudar muito”. “Tem é de ser um teste fiável (molecular). Há testes com fiabilidade de 95%, os que não serão detetados, os falsos negativos, são poucos”, explicou.
Em Portugal, morreram 1.931 pessoas dos 71.156 casos de infeção confirmados, de acordo com o boletim mais recente da Direção-Geral da Saúde.
A doença é transmitida por um novo coronavírus detetado no final de dezembro, em Wuhan, uma cidade do centro da China. Depois de a Europa ter sucedido à China como centro da pandemia em fevereiro, o continente americano é agora o que tem mais casos confirmados e mais mortes.
ZAP // Lusa
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