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Argentina volta a prolongar a que já é a mais longa quarentena do mundo. Índia com mais de mil mortos

Juan Ignacio Roncoroni / EPA

O Presidente argentino anunciou nova extensão, por três semanas, daquela que é a quarentena mais prolongada do mundo e que chegará a pelo menos 184 dias, com especial preocupação com o interior do país, onde o coronavírus avança.

“Tomamos a decisão de prorrogar as medidas de cuidado, de isolamento sanitário e de distanciamento físico até 20 de setembro”, anunciou o Presidente Alberto Fernández.

Ciente do cansaço social depois de 162 dias de um isolamento iniciado em 20 de março, Alberto Fernández preferiu não se expor a uma conferência de imprensa e não usou o termo “quarentena” para se referir a uma nova extensão, a 11.ª, e que, desta vez, foi por três semanas, quando habitualmente os anúncios envolvem duas semanas.

O anúncio acontece quando o país passou, nos últimos três dias, a superar os dez mil contágios diários, registando, nas últimas 24 horas, o recorde histórico de 11.717 novos contágios, mesmo sendo o país que menos testes realiza na região, apenas à frente de Bolívia, Equador, Guiana e Suriname, respetivamente.

A Argentina tem agora 392 mil casos registados e 8.271 vítimas mortais.

“Há 45 dias, 93% dos novos casos aconteciam na área metropolitana de Buenos Aires enquanto nas províncias [no interior] estavam 7%. Hoje, 37% do total acontecem nas províncias”, ilustrou o Presidente para mostrar a sua preocupação com o rápido avanço do novo coronavírus pelo interior do país, onde “o sistema de saúde não é tão robusto”.

Não nos podemos descuidar agora. O problema não é só Buenos Aires: está em todo o país Se nos relaxarmos, não há sistema de Saúde que aguente’, advertiu Alberto Fernández, quando já existem cidades do interior a atingirem a saturação do sistema.

A área metropolitana de Buenos Aires, que compreende a cidade capital do país e mais dez municípios ao redor, dá sinais de estar sob controlo. O Distrito Federal tem 60% de ocupação nas Unidades de Terapia Intensiva (UTI) enquanto, nos municípios ao redor, a média é de 66%. Com a situação estável na região mais densamente povoada do país, o Presidente deu a única boa notícia para as próximas três semanas.

“Vamos autorizar os encontros até dez pessoas ao ar livre, com distância de dois metros entre si e com uso de máscara”, anunciou para, em seguida, alertar que “não se deve adotar um estado nem de relaxamento nem de confiança”.

Na periferia de Buenos Aires, onde até agora nem mesmo as crianças podiam ir às praças para brincar, mantendo um confinamento de 5 meses, poderão haver encontros apenas ao ar livre. “Mas mantemos a proibição para as reuniões de pessoas em casos de ambientes fechados”, avisou, reforçando o decreto que impede reuniões entre amigos e parentes.

Clima de tensão política

O anúncio do Presidente por um lado e do opositor governador do Distrito Federal por outro, quando nos dez anteriores anúncios estiveram juntos, evidenciou o clima de tensão política no país em que a rigidez da quarentena é motivo de discórdia.

O governador do Distrito Federal, Horacio Larreta, tem pressionado para se flexibilizar o regime, obtendo algumas permissões para a capital do país e apostando na responsabilidade civil. “A partir de segunda-feira, vamos permitir a abertura de bares e restaurantes apenas com atendimento nas ruas e daremos mais espaço público para as mesas que deverão ter distância entre si e um máximo de pessoas”, anunciou Larreta, que prometeu ainda começar a retomar gradualmente os trabalhos de construção civil.

Além do setor gastronómico, o choque de visões entre Horacio Larreta e Alberto Fernández ficou evidente nesta semana a propósito de um plano que previa apenas o regresso às aulas de 6.500 dos 500 mil alunos da rede pública da cidade e que acabou rejeitado pelo Governo Federal.

Índia com o mais rápido crescimento de novos casos

A Índia registou 1.021 mortos e 76.472 casos de coronavírus nas últimas 24 horas, elevando o número de óbitos para 62.550 e o de infetados para mais de 3,4 milhões, informaram hoje as autoridades. O país, de 1,4 biliões de habitantes, tem agora o crescimento de casos mais rápido no mundo.

A Índia está a realizar mais de 900 mil testes diários, quando há dois meses efetuava 200 mil. Mesmo que Maharashtra, no oeste, e três estados do sul, Tamil Nadu, Andhra Pradesh e Karnataka, continuem a ser as regiões mais atingidas, com quase 64% das mortes e 55% dos casos ativos, o vírus está a espalhar-se rapidamente no interior do país.

No início desta semana, membros de uma pequena tribo nas remotas ilhas Andaman e Nicobar testaram positivo, com os especialistas a afirmarem que o novo coronavírus entrou num estágio de transmissão generalizada.

A Índia é o terceiro país do mundo com mais casos, depois dos Estados Unidos e do Brasil, e o quarto em mortes.

ZAP // Lusa

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