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Após quebra brutal nos lucros, a “Princesa da Huawei” assume a presidência

Os lucros da tecnológica chinesa Huawei registaram uma queda de quase 69% em 2022, anunciou a empresa, que atribuiu em parte os resultados às sanções do governo dos Estados Unidos e à incerteza económica global.

Pouco depois do anúncio da significativa queda nos lucros, a Huawei anunciou que Meng Wanzhou, a filha do fundador da empresa, irá assumir durante seis meses a presidência rotativa da empresa.

A executiva de 51 anos, herdeira do fundador da tecnológica chinesa, é também conhecida como Cathy Meng ou Sabrina Meng, e tratada informalmente na China como a “Princesa da Huawei“.

Segundo a agência AFP, a empresa registou um lucro líquido de 35,6 mil milhões de yuans (cerca de 4,8 mil milhões de euros) — uma queda de 68,7% em comparação com o lucro recorde de 113,7 mil milhões de yuans do ano fiscal anterior.

“Em 2022, o cenário externo desafiante e fatores alheios ao mercado afetaram as operações da Huawei”, afirmou o presidente rotativo da empresa, Eric Xu, em conferência de imprensa, citado pela AFP.

No meio da tempestade, continuamos a avançar a toda velocidade, fazendo tudo o que está ao nosso alcance para manter a continuidade do negócio e servir nossos clientes”, acrescentou.

“Também fizemos grandes esforços para aumentar a receita, gerando um fluxo estável de receita para garantir nossa sobrevivência e estabelecer as bases para o desenvolvimento futuro”, disse Xu.

Antes do anúncio da sua nomeação para a presidência, Meng Wanzhou, que até agora era diretora financeira da empresa, classificou os resultados como um “mau momento na história da Huawei”.

Em dezembro de 2018, Meng Wanzhou foi detida em Vancouver, no Canadá, a pedido dos EUA, por acusações de “fraude bancária” — um caso que aumentou na altura a tensão entre a China, Estados Unidos e Canadá.

Meng era acusada de ter mentido para enganar bancos sobre as relações empresariais com o Irão e de ter coberto, através de uma empresa de Hong Kong, a Skycom, a venda de equipamento ao regime de Teerão, em violação das sanções norte-americanas.

Estas acusações, que seriam puníveis com até 30 anos de prisão nos EUA, resultaram numa batalha judicial durante três anos. Em 2021, a China e os Estados Unidos chegaram a um acordo que permitiu o regresso da Princesa da Huawei ao seu país.

Bloqueios e sanções

A Huawei tem tentado diversificar as suas fontes de receita desde que as sanções impostas pelos Estados Unidos afetaram os negócios da empresa nas áreas de equipamentos de telecomunicações e smartphones.

A tecnológica foi impedida de aceder a componente vitais e de realizar negócios com várias empresas, incluindo a Google, depois de o Governo do ex-presidente norte-americano Donald Trump a ter considerado uma ameaça nacional.

A Huawei nega as acusações de que o uso dos seus serviços envolva um risco de espionagem por parte da China.

Mas a empresa, que já foi a maior fabricante de smartphones do mundo, registou uma queda significativa nas vendas — em particular desde que o veto norte-americano a impossibilitou de usar o sistema operativo Android, do Google, nos seus smartphones.

A empresa tem agora dado prioridade aos serviços na nuvem, a alargar a sua oferta de dispositivos como smartwatches e ao reforço da sua presença no setor automobilístico como fornecedor de peças.

ZAP //

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