Cientistas descobriram fósseis com 550 milhões de anos, no deserto do Nevada, nos Estados Unidos, que podem ter os aparelhos digestivos mais antigos já conhecidos.
Entre cerca de 580 e 540 milhões de anos atrás, no final do Período Ediacarano, um grupo de criaturas bizarras de corpo mole emergiu nos oceanos da Terra, representando o primeiro grande grupo de vida complexa e multicelular do nosso planeta.
Segundo a revista Newsweek, os organismos ediacaranos representam um marco importante na evolução da vida na Terra, pois precedem imediatamente a chamada Explosão Cambriana. Porém, ainda não é claro como é que esta biota ediacarana se relaciona com os animais modernos e, como tal, colocar estes organismos na árvore da vida é ainda complexo.
Agora, cientistas identificaram aquilo que poderão ser os aparelhos digestivos de uma criatura extinta, parecida com um verme, conhecida como Cloudina — que fazia parte de um grupo maior que ultrapassava a fronteira entre os ediacaranos e os cambrianos.
De acordo com o estudo desta equipa, publicado na revista científica Nature Communications, estes aparelhos digestivos são uma das estruturas anatómicas fossilizadas mais antigas já conhecidas, lançando novas luzes sobre a evolução da vida animal.
“Estes fósseis encaixam-se num grupo muito reconhecido de organismos — Cloudinidae — que os cientistas utilizam para identificar os últimos 10 a 15 milhões de anos do período Ediacarano, ou o período imediatamente antes da Explosão Cambriana”, afirma em comunicado Jim Schiffbauer, professor associado da Universidade do Missouri, acrescentando que “a sua estrutura anatómica é muito mais parecida com um verme do que com um coral”.
“Estas estruturas não são apenas os aparelhos digestivos mais antigos já descobertos, mas também ajudam a resolver o posicionamento evolutivo há muito debatido sobre este importante grupo fóssil”, declara ainda o investigador.
Os investigadores identificaram estes aparelhos digestivos usando uma técnica especial de tomografia computadorizada (TC) que lhes permitiu criar uma reconstrução digital 3D do fóssil, ajudando-os a ver o que estava no seu interior.
“Com a TC, podemos avaliar rapidamente os principais recursos internos e, de seguida, analisar todo o fóssil sem haver a possibilidade de o danificar”, explica Tara Selly, co-autora do estudo.