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A menina que relatava a guerra na Síria foi apagada do Twitter

Bana Al-Abed / Twitter

Bana, menina síria de 7 anos, relata no Twitter que está "a ler para esquecer a guerra".

Bana, menina síria de 7 anos, relata no Twitter que está “a ler para esquecer a guerra”.

A conta do Twitter de Bana Alabed, a menina de 7 anos que relatava diariamente a guerra em Aleppo, foi apagada no domingo, quando as tropas sírias invadiram o leste da cidade para expulsar os rebeldes.

A conta foi criada em setembro pela mãe da menina, Fatemah, que descrevia pelos olhos de Bana o conflito que prossegue na cidade de Aleppo – que está nas mãos dos rebeldes e que o Governo de Bashar Al-Assad tem cercada há cerca de três meses.

Seguida por mais de 100 mil pessoas, Bana escrevia em inglês com a ajuda da mãe e partilhava vídeos onde se observava claramente o cenário de guerra e as ruínas da cidade síria.

Numa das publicações na rede social, a menina conta como uma bomba caiu mesmo ao lado da sua casa e como outra destruiu a casa da sua melhor amiga, matando-a.

Ainda estamos vivos” escreveu a mãe de Bana noutra publicação no Twitter, a par de um vídeo com os seus três filhos a acordarem.

Os tweets de Bana chamaram a atenção de JK Rowling, a autora da saga Harry Potter, que lhe enviou todos os seus livros depois de a menina ter revelado que gostava de ler para “esquecer a guerra”.

Na última publicação partilhada na conta, a mãe de Bana redigiu uma espécie de mensagem de despedida.

“Temos a certeza de que o exército vai capturar-nos agora. Vemo-nos noutro dia, querido mundo. Adeus”, escreveu Fatemah.

A conta do Twitter foi apagada no domingo, e desde então várias pessoas têm mostrado preocupação com o “desaparecimento” de Bana e da sua mãe, com a hastag #Whereisbana.

O exército sírio iniciou uma nova ofensiva para recuperar Aleppo a 15 de novembro e tem bombardeado o leste da cidade com ataques aéreos, bombas e fogo de artilharia.

Este domingo, o exército sírio e forças aliadas conquistaram um novo bairro no leste da cidade de Aleppo e controlam agora dois terços do antigo bastião dos rebeldes.

Estima-se que pelo menos 319 pessoas tenham morrido nas ofensivas do Governo no leste de Aleppo, incluindo 44 crianças.

BZR, ZAP

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