A produtora de videojogos que criou o Fortnite, muito popular entre jovens e crianças, decidiu retirar os anúncios publicitários do YouTube por temer que estes apareçam ao lado de comentários publicados por pedófilos.
A empresa norte-americana Epic Games confirmou a exclusão das publicidades do site que pertence à Google e junta-se assim à Nestlé, que tinha feito o mesmo, devido a um recente escândalo sobre uma rede de pedofilia no YouTube, que utiliza comentários e vídeos aparentemente inocentes para tentar alcançar as crianças.
Um utilizador do YouTube chamado Matt Watson, citado pelo jornal britânico The Guardian, publicou um vídeo no último domingo alertando para o facto de o site estar a facilitar a entrada da rede de pedófilos nos seus conteúdos.
Matt explica que, com poucos cliques e uma nova conta do YouTube, os utilizadores podem encontrar vídeos repletos de comentários provocadores sobre crianças.
“Pedófilos andam a trocar contactos nas redes sociais, trocam links para pornografia infantil nos comentários do YouTube, trocam vídeos em segredo e o algoritmo do YouTube, com alguma falha na programação, está a facilitar isso”, afirmou Matt Watson.
O escândalo acaba por ser um desafio para o YouTube, porque os vídeos não são necessariamente abusivos. Na maior parte, são vídeos de meninas a brincar, a fazer exercícios em casa ou em aulas de ginástica.
O problema está na secção de comentários, em que alguns utilizadores deixam mensagens de cariz sexual e até partilham dicas sobre os melhores momentos para pausar os vídeos e captar imagens “comprometedoras” de crianças.
Matt Watson explicou a forma como o algoritmo do site facilita o aumento de uma lista interminável de vídeos de menores, com comentários impróprios. Muitos dos conteúdos são acompanhados de anúncios de marcas como a Nestlé, Disney e o jogo Fortnite.
Questionada pelo Jornal de Notícias, a Google garante que “qualquer conteúdo, incluindo comentários, que ponha em perigo menores é repugnante e temos políticas claras que proíbem isso no YouTube”.
“Tomámos medidas imediatas ao apagar contas e canais, denunciámos atividades ilegais às autoridades e desativámos comentários em dezenas de milhares de vídeos que incluem menores. Há mais a fazer e vamos continuar a trabalhar e a melhorar de forma a identificar mais rapidamente este tipo de abuso”, acrescentou uma porta-voz da Google.
Este tipo de situações não é novidade no YouTube. Antes da preocupação com a “rede de pedofilia”, várias empresas retiraram anúncios do site preocupadas com a possibilidade de ter a sua publicidade associada a conteúdos impróprios, como vídeos publicados por organizações terroristas e incitadores de ódio.