Ameaça nuclear. Pastilhas de iodo esgotam na Finlândia após Governo recomendar compra

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Central nuclear Olkiluoto, na Finlândia

Central nuclear Olkiluoto, na Finlândia

Em poucas horas, esgotaram nas farmácias da Finlândia os stocks de pastilhas de iodo depois de o Governo ter recomendado à população que as comprasse como forma de prevenção perante o risco de radiação nuclear.

A Associação Finlandesa de Farmacêuticos confirma, em comunicado, que os comprimidos de iodo de potássio se esgotaram “temporariamente” em todas as farmácias do país, mas que vão estar disponíveis “em breve”.

O ritmo de aquisição deste produto foi tão alto que chegou a colapsar temporariamente a venda em linha da maior cadeia de farmácias do país, a Yliopiston Apteekki.

Uma procura que ocorreu depois de o Ministério dos Assuntos Sociais e da Saúde da Finlândia ter sugerido à população menor de 40 anos que comprasse pastilhas de iodo de potássio como medida de prevenção de risco de radiação nuclear.

O iodeto de potássio previne a absorção de iodo radioactivo através da tiroide, que pode causar cancro ou lesões nesta glândula quando o corpo está exposto à radiação nuclear.

A Organização Mundial da Saúde (OMS) recomenda o uso destes comprimidos em caso de exposição nuclear às pessoas de e até 40 anos e às mulheres grávidas, neste caso para proteger o feto.

Perante o esgotamento dos stocks, o da Saúde finlandês recomenda aos centros de saúde a importação dos comprimidos de iodo para serem distribuídos pelos pais e pelas mulheres grávidas.

As autoridades finlandesas recordam, contudo, que a forma mais eficaz de reduzir a exposição é procurar refúgio em espaços interiores, enquanto o consumo de iodo é uma “medida de protecção complementar”.

Além disso, as autoridades apelam aos cidadãos para não tomarem os comprimidos por sua iniciativa e esperarem que a Protecção Civil lance um aviso de emergência, se for necessário.

Polónia distribui gratuitamente comprimidos de iodo

Na Polónia, vão começar a ser distribuídos comprimidos de iodo, de forma gratuita, em todo o país, segunda revela o vice-ministro da Administração Interna, Błażej Poboży.

É uma medida de “gestão de crise” na “preparação para a eventualidade de um acidente numa central nuclear“, como aponta o governante citado pela Euronews.

“Neste momento, não existe uma ameaça real de contaminação radioactiva, mas queremos estar preparados mesmo para as variantes impossíveis”, justifica Poboży.

Os comprimidos de iodo serão distribuídos a pessoas até aos 60 anos de idade e a crianças, “com o consentimento, por escrito, dos seus pais”, como explica a Euronews.

Estónia cautelosa

A legislação que regula a energia nuclear determina que “todos os países com centrais nucleares operacionais são obrigados a manter um certo número de comprimidos de iodo dentro de um determinado raio das instalações em caso de acidente”, como repara o site estónio ERR News.

Essa legislação também nota que “justifica-se o uso do iodo como medida preventiva”.

Contudo, no caso da Estónia, que não tem qualquer central nuclear no país, ao contrário da Finlândia, especialistas não veem necessidade de comprar este produto.

Não havendo riscos directos de radiação, não creio que as pessoas devam armazenar comprimidos de iodo”, aponta ao ERR News o especialista Ave-Triin Tolk que integra o Conselho de Saúde do Governo da Estónia.

“O público será notificado se o risco aumentar, mas a situação está, actualmente, estável, por isso não há necessidade de ir a correr para a farmácia“, aponta ainda Tolk.

ZAP // Lusa

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