Afinal, Alzheimer pode não ser bem uma doença cerebral

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Depois de os dados de um importante estudo científico terem sido postos em causa, os cientistas começam a olhar para outras causas da Alzheimer.

Esta quarta-feira, dia 21 de setembro, celebra-se o Dia Mundial de Alzheimer. A doença de Alzheimer é a causa mais comum de demência em idosos, afetando mais de 55 milhões de pessoas, de acordo com a Alzheimer’s Disease International.

A doença foi diagnosticada pela primeira vez em 1906 e, desde então, a investigação tem evoluído de vento em popa. Ainda assim, tantos anos depois, há muita coisa que ainda não sabemos sobre a Alzheimer. Aliás, até podemos ter de pensar duas vezes se, de facto, a Alzheimer é uma doença do cérebro.

Em julho, a revista Science informou que um importante artigo científico de 2006, que identificou a beta-amilóide como a causa da doença de Alzheimer, pode ter sido baseado em dados falsos.

Durante anos, cientistas concentraram-se em tentar criar novos tratamentos para a doença de Alzheimer, impedindo a formação de aglomerados da proteína beta-amilóide. Isto pode significar que o seu esforço foi em vão e que os cientistas, durante todos estes anos, negligenciaram outras vias de tratamento.

A equipa de Donald Weaver, da Universidade de Toronto, está agora a desenvolver uma nova teoria sobre a doença de Alzheimer.

Com base nos seus últimos 30 anos de investigação, os cientistas já não pensam na doença de Alzheimer como principalmente uma doença do cérebro.

Em vez disso, acreditam que a doença de Alzheimer é principalmente um distúrbio do sistema imunitário dentro do cérebro.

Os cientistas acreditam que a beta-amilóide não é uma proteína produzida de forma anormal, mas sim uma molécula de ocorrência normal que faz parte do sistema imunitário do cérebro. É suposto ela estar lá. Quando ocorre um trauma cerebral ou quando as bactérias estão presentes no cérebro, a beta-amilóide é um dos principais contribuintes para a resposta imune do cérebro. E é aqui que começa o problema.

Por causa das semelhanças impressionantes entre as moléculas de gordura que compõem as membranas das bactérias e as membranas das células cerebrais, a beta-amilóide não consegue distinguir a diferença entre bactérias invasoras e células cerebrais hospedeiras, e ataca erroneamente as próprias células cerebrais que deveria estar a proteger.

Isso leva a uma perda crónica e progressiva da função das células cerebrais, que culmina em demência – tudo porque o sistema imunitário do nosso corpo não consegue diferenciar entre bactérias e células cerebrais.

Quando considerada como um ataque mal direcionado do sistema imunitário do cérebro ao próprio órgão que deveria estar a defender, a doença de Alzheimer surge como uma doença autoimune.

Além dessa teoria autoimune da doença de Alzheimer, muitas outras novas e variadas teorias estão a começar a aparecer. Por exemplo, alguns cientistas acreditam que a doença de Alzheimer é uma doença de pequenas estruturas celulares chamadas mitocôndrias – as fábricas de energia em cada célula do cérebro. As mitocôndrias convertem o oxigénio do ar que respiramos e a glicose dos alimentos que comemos na energia necessária para lembrar e pensar.

Alguns argumentam que é o resultado final de uma infeção cerebral específica, com bactérias da boca a ser frequentemente sugeridas como as culpadas. Outros ainda sugerem que a doença pode surgir de uma manipulação anormal de metais dentro do cérebro, possivelmente zinco, cobre ou ferro.

ZAP //

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