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Altice culpa ANACOM e Governo por despedimento colectivo (e ameaça deixar Portugal)

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André Kosters / Lusa

Alexandre Fonseca, CEO da Altice Portugal

A Altice anunciou o despedimento colectivo de quase 300 trabalhadores depois das saídas de cerca de mil funcionários por mútuo acordo. Mas admite que continua a ter colaboradores “dispensáveis” e deixa o alerta de que pode sair de Portugal, com críticas à ANACOM e ao Governo.

Há entre “800 a 900 funcionários” da Altice que são considerados “dispensáveis” pela empresa e que podem também sair além dos 300 abrangidos pelo despedimento colectivo e dos cerca de mil que já saíram por mútuo acordo.

Estes dados são avançados pela Rádio Renascença com base em fontes do Grupo Altice.

Na reunião com o Sindicato dos trabalhadores do Grupo, onde foi anunciado o despedimento colectivo, os responsáveis da empresa notaram a “decisão difícil, mas que se afigura como indispensável, essencialmente devido ao contexto muito adverso que se vive no sector das comunicações electrónicas”.

A Altice aponta o dedo à ANACOM, a Autoridade da Concorrência, mas também ao próprio Governo pelo silêncio, nomeadamente no âmbito do polémico leilão do 5G.

E o Grupo admite até “repensar a continuidade em Portugal”, aponta a Renascença citando “fonte próxima do processo”.

O Jornal Económico reforça que o Grupo Altice já “começou a sondar o mercado para uma eventual saída de Portugal”.

Mas o CEO da Altice Portugal, Alexandre Fonseca, explicou aos trabalhadores, na reunião de terça-feira, que “não faz parte de qualquer decisão da comissão executiva [do grupo]” sair do país, como conta ao Económico o presidente do Sindicato dos Trabalhadores das Empresas do Grupo Altice em Portugal (STPT), Jorge Félix.

Contudo, Alexandre Fonseca notou também que se “a situação interna e a questão da regulação das telecomunicações não se alterar”, os responsáveis do Grupo ficarão “com sérias dúvidas” quanto à “continuidade da Altice em Portugal” e à “manutenção de um investimento anual a rondar os 500 milhões de euros“, relata ainda Jorge Félix.

Porém, neste momento, afasta-se a “possibilidade de venda”, segundo a Renascença.

A Altice vem apontando críticas à ANACOM pelo que considera ser um “ambiente regulatório hostil”, mas também ao Governo pela “falta de visão estratégica do país”, nomeadamente devido ao “contínuo, lamentável e profundo atraso do 5G” e à “má gestão deste dossier”.

Em Novembro de 2020, a empresa chegou a escrever ao primeiro-ministro a criticar o leilão do 5G e a apontar o dedo à ANACOM, frisando que tinha “vindo a realizar uma perseguição feroz e sem precedentes ao sector” das telecomunicações e, “em particular, à Altice Portugal”.

Nessa mesma altura, a Altice cortou relações com a ANACOM e, agora, avança com o despedimento colectivo culpando directamente a entidade pela situação.

“Um murro no estômago”

A decisão da Altice foi “um murro no estômago” para os trabalhadores, como destaca o coordenador da Comissão de trabalhadores do grupo Altice Portugal, Francisco Gonçalves, citado pelo Económico.

A Comissão ainda não tem “informação detalhada” sobre o processo, nomeadamente quanto às empresas que serão abrangidas, nem quanto aos critérios de escolha dos trabalhadores despedidos.

Mas “a comunidade laboral [da Altice] está completamente arrasada, a interiorizar o que aconteceu”, aponta Francisco Gonçalves, criticando a política de salários da empresa.

“Na folha salarial das empresas da Altice em Portugal quanto representa estas centenas de trabalhadores? É uma gota de água no oceano. Tem de haver aqui um racional diferente do que aquele que nos querem fazer crer”, destaca o coordenador em declarações divulgadas pelo Económico.

Francisco Gonçalves acusa a Altice de estar a usar o despedimento colectivo “como uma arma de arremesso contra os reguladores e o Governo”.

“Não podemos permitir isto, nem com esta argumentação sobre a ANACOM e outros reguladores ou Governo, nem com a argumentação da pandemia quando ainda há pouco teceram loas aos resultados de 2020 e do primeiro trimestre de 2021″, destaca ainda o coordenador.

Susana Valente, ZAP //

15 Comments

  1. Eu levo-vos ao Aeroporto. Mas como “não gostam de pagar salários elevados”, para onde vão? Burkina Faso ou Bangladesh?

  2. Estes mafiosos da Altice tem mesmo lata para tudo… uma multinacional da vigarice a fazer-se de vitima!…
    Vigarizam os clientes, vigarizam o Estado e ainda o culpam quando as suas vigarices não correram como previam!!
    Sair de Portugal?!
    Hahahaaaa… já ontem era tarde!
    Foi das piores coisas que por cá apareceu e só tem servido para diminuir a qualidade dos serviços de comunicações e para aumentar o número de reclamações (e de burlas).
    Além claro, da mama que tem no SIRESP etc, etc, que lhes rendem anualmente uns bons milhões de dinheiros públicos – em troca de péssimos serviços!

  3. “Na folha salarial das empresas da Altice em Portugal quanto representa estas centenas de trabalhadores? É uma gota de água no oceano.” Ora aqui está um típico coordenador sindicalista, potencial funcionário publico

    • Oh couves, se gostas assim tanto da altice e das suas praticas, porque não concorres a um lugar na empresa só para poderes receber uma carta de despedimento logo a seguir? Deves adorar quando os patrões pisam na malta. Nem precisas de comprimido azul. Estas situações devem dar-te cá um pao do catano!

  4. Altice…Altice!
    Tinha ADSL, mudei para fibra (2 linhas), fiquei pior que antes.
    Reclamei, enviaram um Sr que me disse que a ligação era muito esquisita e que não sabia o que eles tinham feito, passado 15 dias veio novamente e ainda fiquei pior do que estava antes.
    Telefonaram-me há um mês de Lisboa, vieram verificar. Interessante! o dito Sr. diz-me que afinal não tenho fibra, (estranho até porque os aparelhos da fibra estão na parede exterior) disse que ia verificar e que passado 15 dias me daria uma resposta, até hoje (desapareceu do mapa)……
    Chegamos a ter falhas na Internet 5 vezes por dia!
    Só estou à espera que a fidelização termine!!!!

  5. Nem discuto se é Altice ou outra, estas empresas de comunicação fazem em Portugal o que bem entendem com o apoio de quem nos tem governado, preços mais elevados do que lá fora e pior qualidade; portanto dizer que a Altice não presta esquecendo -se de quem nos “governa” parece-me ser-se pouco imparcial!

  6. TLP/PT nunca foi grande coisa. Extremamente arrogantes e prepotentes quando tinham o monopólio, ainda me lembro de que era preciso ter uma grande cunha para montar uma simples extensão dentro de casa. Obter fio telefónico era virtualmente impossível, e cada cm extra era pago a peso de ouro. Até era preciso pagar para que o nº telefónico fosse confidencial e não viesse na lista telefónica. Com a liberalização do mercado, deu no que deu. PT foi o ninho das negociatas mais escabrosas e corruptas, com Bavas, Granadeiros, Salgados e Sócrates à mistura, que a levaram à situação actual. Tiveram esses marmanjos o condão de se furtarem à compra pela Sonae, para mais tarde ir cair nas mãos destes artolas da Altice. Muito patrióticos, realmente, os manda-chuvas deste país de chico-espertos. Quanto à imagem do CEO, é simplesmente risível. Do tipo cafetão…

  7. A Altice que baze então, quem está mal muda-se. E o Estado tomaria posse administrativa da gestão da estrutura.
    Contudo, independentemente das intrigas, com a ampliação da inteligência artificial em sintonia com a robótica, grande parte dos empregos estão em risco.

  8. Este tipo de tácticas em que se for preciso se despendem trabalhadores só para ir contra os outros.

    “A Altice aponta o dedo à ANACOM, a Autoridade da Concorrência, mas também ao próprio Governo pelo silêncio, nomeadamente no âmbito do polémico leilão do 5G… e deixa o alerta de que pode sair de Portugal”

    Só pede uma resposta a quem pensa que pode ser dono de tudo no país e utiliza este tipo de manobras.

    == Nacionalizar tudo o que estiver em solo português. ==

  9. Grandeza, é uma questão de perspectiva e proporção. É uma visão!
    .
    Pequenez, é uma forma sem esperança estratificada no muro da mediocridade. É uma diminuição!
    .
    Uma sociedade pequena, sem ângulos e sem visão. Um eterno rascunho sem pontos de fuga, e dominada por pigmeus excitados, que aterram de focinhos de cada vez que têm uma erecção.

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