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Ministério Público investiga nova queixa de violência na esquadra de Alfragide

Tiago Petinga / Lusa

Um homem cabo-verdiano terá sido agredido na esquadra da PSP, em Alfragide, a 7 de fevereiro, o que terá motivado a hospitalização da vítima durante três dias. O Ministério Público já está a investigar.

Avelino, de 50 anos, terá sido detido no bairro 6 de maio, no concelho da Amadora, quando aquela autarquia procedia à demolição de algumas casas. O homem de origem cabo-verdiana ter-se-à recusado a abandonar a sua habitação, segundo o Diário de Notícias.

Segundo a PSP, o homem terá resistido às ordens das autoridades e agredido três agentes, tendo a polícia instaurado a respetiva queixa judicial.

De acordo com o inquérito agora aberto pelo Departamento de Investigação e Ação Penal – DIAP – da Amadora, os agentes levaram o homem algemado até à esquadra de Alfragide, tendo agredido durante o caminho e já nas instalações policiais. As agressões levaram ao internamento de Avelino no hospital Fernando da Fonseca durante três dias.

O caso chegou a público através do vereador do PCP Francisco Santos, na última reunião da Câmara da Amadora, tendo este alertado para “algumas semelhanças nas narrativas policiais” entre este episódio de alegada violência policial e as situações descritas na acusação do Ministério Público contra 18 agentes dessa mesma esquadra.

Segundo o DN, há suspeita de que alguns desses 18 agentes possam estar também envolvidos neste novo caso. No entanto, só depois dos reconhecimentos feitos em sede da investigação judicial se poderá confirmar oficialmente, ou não, esta suspeita.

A queixa deu entrada no DIAP depois de ser conhecida a acusação contra os 18 agentes mas isso não passará de uma coincidência, segundo Paulo Azevedo, o advogado da vítima (que confirmou o relato do vereador), já que desde fevereiro “que estão a ser recolhidas provas para sustentar a denúncia“, explica.

O vereador do PCP reafirmou as declarações da reunião da autarquia e contou que visitou o Senhor Avelino, “depois deste sair do hospital e que este lhe mostrou ‘meio envergonhado'” os “hematomas que tinha por todo o corpo, na barriga, costas e principalmente nas nádegas, onde disse que lhe tinham dado palmatoadas com bastões”.

Francisco Santos sublinha que não pretende “fazer qualquer julgamento precipitado e injusto”, mas não deixa de assinalar “as semelhanças dos relatórios policiais produzidos nas duas ocasiões e os resultados sofridos pelos cidadãos detidos pelos agentes da esquadra de Alfragide”.

O vereador chama ainda a atenção para “o progressivo abandono do policiamento de proximidade, que na Amadora passou a ser substituído por um conceito de intervenção musculada, parece ser pouco adequado para uma cidade em que coabitam e coexistem mais de quarenta nacionalidades”.

O que “incomoda” Francisco Santos “não é a esquadra em si”, pois não “acredita que aqueles polícias possam agir daquela forma sem orientação e conhecimento superior“. Apela a que, caso a acusação do MP “venha a ser confirmada em sede de julgamento” que sejam apuradas “responsabilidades a outros níveis, nomeadamente sobre as orientações do Comando da Divisão da Amadora no período em que os factos ocorreram”.

ZAP //

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