Para Hannah Cloke, o impacto das inundações na Europa Ocidental representa um “fracasso monumental” que “deveria ter sido evitado”.
Numa entrevista ao The Sunday Times, a investigadora Hannah Cloke revelou que o Governo alemão recebeu um alerta detalhado sobre as cheias que vitimaram mortalmente mais de 160 pessoas no país.
Para a professora de Hidrologia na Universidade de Reading, no Reino Unido, e uma das responsáveis pelo Sistema Europeu de Alerta de Cheias, a gestão deste caso tratou-se de um “erro de sistema monumental”.
Se as autoridades tivessem agido depois de terem recebido a informação, aquela que foi a pior catástrofe natural da Alemanha das últimas décadas poderia ter sido evitada. “O facto de as zonas não terem sido evacuadas, ou de as pessoas não terem recebido um aviso, mostra que algo correu mal“, afirmou, citada pelo Público.
O Politico adianta que este tipo de alertas são enviados às autoridades de cada país, que devem alertar as autoridades locais e emitir avisos de evacuação. No caso da Alemanha, a comunicação não terá sido suficientemente clara.
Os primeiros sinais foram detetados nove dias antes. O organismo europeu enviou um alerta à Alemanha e à Bélgica sobre cheias nos rios Reno e Meuse quatro dias antes e, nas 24 horas que antecederam o desastre, houve um alerta sobre que localidades iam ser afetadas pelas cheias.
“Creio que uma comunicação mais clara deverá fazer parte da resposta para melhorar todo o sistema de preparação para as inundações no futuro, particularmente num mundo onde as alterações climáticas estão a tornar os acontecimentos mais extremos”, rematou Hannah Cloke.
Karl Lauterbach, do Partido Social Democrata (SPD), disse que a Alemanha tem de estar mais bem preparada. “É preciso conseguir a infraestrutura necessária, pô-la a funcionar, e a prevenção de catástrofes tem de ter um lugar central na política”, afirmou o responsável por questões de saúde, que integra o Governo de coligação.
O Público salienta ainda que o partido A Esquerda (Die Linke) pediu a demissão do ministro do Interior, Horst Seehofer, da CSU (centro-direita), e acusou o ministério de ou não ter levado o aviso a sério, ou de não o ter encaminhado com a urgência necessária às autoridades locais.
Aos jornalistas, o governante disse que “é inconcebível dizer que uma catástrofe como esta pudesse ser gerida centralmente”. “É preciso conhecimento local”, frisou o ministro do Interior.