Aldeia onde desapareceu Émile está habituada a tragédias (e foi “barricada” a estranhos)

A fase das buscas terminou. Neste momento, procuram-se pistas que levem ao paradeiro de Émile, de 2 anos, que está desaparecido desde sábado. A aldeia onde desapareceu está “barricada” a estranhos, para salvaguardar a investigação.

A aldeia de La Vernet, nos Alpes-de-Haute-Provence, em França, continua a ter esperança de que o pequeno Émile seja encontrado com vida. Mas após mais de três dias sem se saber do seu paradeiro, essa fé vai perdendo força.

No terreno, continua uma operação de elevada dimensão para tentar desvendar o mistério, e, sobretudo, encontrar a criança.

A aldeia que fica localizada numa zona íngreme de montanha, rodeada por bosques e pequenos riachos, está “barricada” a estranhos. Só os habitantes estão autorizados a entrar, ou a sair, de acordo com os media franceses.

A aldeia tem apenas 125 habitantes permanentes, recebendo muitas pessoas de fora que vão lá passar férias.

É esse o caso dos pais de Émile, uma família com 10 crianças que é descrita pelos locais como “discreta” e “muito católica”.

Todas as casas do povoado revistadas

Émile estava de férias com os pais e os irmãos na casa dos avós maternos, localizada no povoado de Haut-Vernet, onde há cerca de 30 casas.

As autoridades terão revistado todas as casas nesta terça-feira, segundo o jornal La Dépêche. Também têm estado a inquirir os habitantes da aldeia e já ouviram a mãe de Émile, segundo o mesmo jornal.

A criança foi vista pela última vez por volta das 17:15 horas de sábado passado, depois de ter acordado da sesta. Terá estado a brincar no jardim da casa dos avós que não tem qualquer vedação.

Duas testemunhas disseram à polícia ter visto a criança na rua, nessa mesma tarde. Mas, depois disso, evaporou-se por completo.

Rapto ou atropelamento são teorias mais fortes

“Ainda temos esperanças de o encontrar vivo, mas noutro local. Se estivesse morto no perímetro, os cães teriam sentido o seu cheiro. Se estivesse vivo e escondido, também o teríamos encontrado pelos meios que foram mobilizados”, refere ao jornal Le Point um comandante da polícia.

“Ou o corpo foi escondido após um acidente, ou foi removido”, acrescenta este comandante.

Uma das pistas que está a ser seguida é a hipótese de um acidente com um carro ou um tractor.

As autoridades acreditam, nesta altura, que há alguém envolvido no desaparecimento de Émile e também avaliam a possibilidade de rapto.

Entretanto, estão a analisar a “demarcação telefónica” para ver quem é que passou na área onde estaria Émile no momento do desaparecimento.

A investigação também passa pelas pessoas da região que estão inscritas na base de dados de criminosos sexuais e violentos.

Mas o autarca de La Vernet, François Balique, acha improvável a pista de um predador sexual, como diz ao Le Point. “Aqui todos se conhecem, há vigilância colectiva. Se alguém desconhecido tivesse sido visto, já saberíamos nesta fase”, nota.

Da queda de um avião a um assassinato brutal

Não é a primeira vez que La Vernet vive situações complicadas. Mesmo que ainda se espere um desfecho feliz para o pequeno Émile, os locais recordam que a aldeia já foi palco de várias tragédias, a última das quais em 2015, com a queda de um avião da Germanwings.

Nesse ano, o co-piloto Andreas Lubitz fez despenhar o avião que ligava Barcelona (Espanha) e Düsseldorf (Alemanha) contra as montanhas em redor de La Vernet. Morreram 149 passageiros e ainda hoje existe na aldeia uma placa comemorativa em memória dessa tragédia.

Em 2008, os habitantes viveram com aflição o assassinato de Jeannette, a proprietária do Café du Moulin, num crime violento. A mulher foi morta por um cliente de 21 anos que sofria de esquizofrenia.

Jeannette foi atingida com uma garrafa quando estava a fazer as palavras cruzadas no terraço. Depois, o assassino arrastou-a para o bar, onde a atingiu várias vezes com outra garrafa.

Outra criança desapareceu na zona há 30 anos

Mas também há quem lembre que há mais de 30 anos, desapareceu outra criança na zona. Foi em 1989, quando o pequeno Yannis Moré, de 3 anos, desapareceu sem deixar rasto em Ganagobie, a alguns quilómetros de La Vernet.

Yannis estava a fazer uma cabana com os irmãos perto da casa dos pais quando foi visto pela última vez.

As primeiras buscas não detectaram vestígios da criança, mas seis meses depois do desaparecimento, um caçador encontrou os seus sapatos, uma meia, as cuecas e um casaco a cerca de um quilómetro da casa dos pais.

Realizaram-se novas buscas, mas Yannis nunca foi encontrado.

Susana Valente, ZAP //

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