As funcionárias de um lar de Vila Real gritaram esta terça-feira à janela “ajudem-nos”, numa altura em que o presidente da Câmara exige ao Estado uma “resposta imediata” para a instituição, onde 20 pessoas estão infetadas com a Covid-19.
Rui Santos falou junto ao Lar da Nossa Senhora das Dores, no centro da cidade. Nesse momento, de acordo com o Observador, algumas funcionárias lançarem um grito de socorro. “Queremos ajuda. Queremos fazer os testes”, gritaram as profissionais, que traziam colocada uma máscara na cara. Uma delas referiu estar no lar “há sete dias”.
“Se for preciso pagamos os testes. Eu quero saber se estou bem, mas também quero saber dos idosos”, gritou ainda a funcionária.
Rui Santos garantiu estar a fazer “tudo o que é possível” para resolver o problema. Para o autarca, que falava após uma reunião da Proteção Civil Municipal, “o momento é de profunda preocupação”.
A evacuação do lar de idosos começou a ser feita esta quarta-feira de manhã. Os utentes infetados estão a ser transferidos para o hospital militar do Porto. Os restantes cerca de 60 utentes da instituição vão ser encaminhados para o hospital militar de Braga, que está entregue à Cruz Vermelha.
No total são 13 utentes, sendo que dois deles já tinham sido levados para o hospital de Vila Real, sobrando agora 11, mais sete funcionários. De acordo com o semanário Expresso, o transporte está a ser feito de ambulância.
Depois da evacuação, o edifício vai ser desinfetado e “à medida que for possível, irá reabrir”, acrescentou.
Segundo Rui Santos, só foram testados os que apresentavam sintomatologia. O primeiro caso positivo da covid-19 nesta instituição foi detetado no domingo, tratando-se de um doente oncológico.
A Unidade de Saúde Pública do Agrupamento de Centros de Saúde (ACES) Marão e Douro Norte determinou esta terça-feira o isolamento de todos os casos positivos detetados neste lar, designadamente 13 utentes e sete funcionários, e determinou o isolamento profilático dos restantes utentes e profissionais.
“Situação de catástrofe” em Viseu
O Sindicato dos Enfermeiros Portugueses alertou, ao Observador, para uma “situação de catástrofe” noutra instituição: na Santa Casa da Misericórdia de Resende, em Viseu.
A Unidade de Cuidados Continuados está desde domingo em isolamento, depois de ter sido detetado um caso positivo numa utente, que acabou por morrer. Em comunicado, o sindicato dá agora conta de 10 casos positivos na instituição, que tem 18 idosos ao cuidado de apenas três enfermeiros.
Segundo Alfredo Gomes, da direção do Sindicato dos Enfermeiros Portugueses, estes profissionais de saúde estão a trabalhar em “ciclos de 24 horas”, com apenas oito horas de descanso entre os turnos, e sem equipamento de proteção individual.
A Santa Casa da Misericórdia de Resende afirma que ainda não recebeu qualquer indicação por parte da Direção-Geral da Saúde.
“A Instituição já assumiu ter esgotado todos os recursos que tinha definido no seu plano de contingência, não ter capacidade de resposta e até já ter alertado a Direção Geral da Saúde, da qual não obteve qualquer resposta ou ajuda”, lê-se no comunicado.
ZAP // Lusa