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“Agora os líderes mundiais estão a beijar-me o rabo”

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JIM LO SCALZO / EPA

O Presidente dos EUA, Donald Trump

Donald Trump desprezou, esta terça-feira, os países que lhe estão a pedir que volte atrás nas tarifas recíprocas (que entraram hoje em vigor). “Agora estão a beijar-me o rabo e a dizer ‘Por favor, por favor. Eu faço tudo'”.

A guerra comercial EUA vs. Resto do Mundo entrou esta quarta-feira num novo capítulo.

Já estão em vigor as novas tarifas recíprocas que os EUA aplicaram a cerca de 90 países.

Segundo o The Guardian, cerca de 70 desses países já contactaram a Casa Branca numa tentativa de negociar as tarifas impostas por Donald Trump.

Esta terça-feira, num tom de gozo, ‘reagindo à reação’ dos líderes mundiais, o presidente norte-americano deu a entender que gosta de estar nesta posição: “esses países estão a ligar-me, a beijar-me o rabo”.

“They are kissing my ass”

Trump vangloriou-se de que os líderes mundiais lhe estão a beijar-lhe o rabo (metaforicamente), num comício republicano em Washington: “Esses países estão desesperados por fazer um acordo (…) ‘Por favor, por favor, senhor, faça um acordo. Eu faço tudo’. É isto que me dizem!”, satirizou.

No mesmo discurso, Trump recusou a ideia transmitida por grande parte dos economistas de que estas tarifas representam um perigo para a economia.

Sei o que estou a fazer e vocês também sabem. Sou o único a impor as tarifas, porque todos estavam com medo de o fazer, com medo de serem criticados, argumentou.

Por seu turno, a secretária de imprensa da Casa Branca, Karoline Leavitt, também esta terça-feira, deu a entender que, apesar das várias tentativas de negociação, Trump não está para aí virado.

E as bolsas ressentiram-se

Após a entrada em vigor, ao início da manhã, das chamadas “tarifas recíprocas” impostas pelos Estados Unidos aos parceiros comerciais, as principais bolsas europeias abriram em baixa com quedas de cerca de 3%.

Pelas 08h50 em Lisboa, o EuroStoxx 600 estava a descer 2,40% para 475,23 pontos.

As bolsas de Londres, Paris e Frankfurt desciam 1,95%, 1,98% e 1,96%, respetivamente, enquanto as de Madrid e Milão se desvalorizavam 1,97% e 2,49%.

A bolsa de Lisboa mantinha a tendência da abertura e às 08h50 o principal índice o PSI (Portuguese Stock Index) recuava 1,98% para 6.310,12 pontos.

Na Ásia, o principal índice da Bolsa de Tóquio, o Nikkei, caiu hoje 3,93%.

Os futuros de Wall Street apontam a esta hora para quedas moderadas, que são de 0,15 % para o S&P 500, de 0,19% para o Dow Jones Industrials e de 0,10% para o Nasdaq.

As tarifas recíprocas impostas por Donald Trump são de 104% para a China e de 20% para a União Europeia – e entram em vigor esta quarta-feira. Espera-se que tenham um forte impacto negativos nas indústrias dos automóveis, máquinas e produtos farmacêuticos.

China reage

Entretanto, na manhã desta quarta-feira, o Ministério das Finanças anunciou taxas de 84% sobre os produtos americanos, que entram em vigor já esta quinta-feira.

Segundo o El País, Pequim mostrou firmeza perante o muro tarifário de Trump e respondeu ao seu aumento com um subida de 50%. Pequim já tinha imposto tarifas aos EUA de 34%.

O Presidente chinês Xi Jinping exigiu respeito a Washington, caso este queira negociar, fazendo uma alusão às palavras provocatórias de Trump.

Musk: “mais burro que um saco de tijolos”

Enquanto isso, o clima de tensão entre Trump e Elon Musk continua a escalar.

Depois de se ter tornado público o desentendimento entre o empresário multimilionário e o Presidente, após um pedido para reverter a política de tarifas, o CEO da Tesla insultou o consultor de Comércio de Trump, Peter Navarro.

O empresário multimilionário – que tem sido aliado próximo do Presidente Trump, e que financiou generosamente a sua campanha eleitoral – chamou “idiota” a Navarro e disse-lhe que era “mais burro que um saco de tijolos” em mensagens na rede social X.

Musk – que é considerado o homem mais rico do mundo e que está a liderar uma missão para reduzir radicalmente as despesas públicas dos EUA – escreveu estes comentários sobre um vídeo em que Navarro considera que o responsável da Tesla “não é um fabricante de automóveis”, mas apenas um “montador” que trabalha com peças importadas da Ásia.

Elon Musk já tinha sinalizado, mas de forma mais discreta, a sua oposição à política radicalmente protecionista de que Peter Navarro é um dos principais arquitetos e que resultou na semana passada no anúncio de taxas alfandegárias, algumas astronómicas, contra os parceiros comerciais dos Estados Unidos.

O empresário Musk e dono da Tesla já havia afirmado que o impacto das tarifas teve um impacto negativo “significativo” na sua empresa.

“Puxando a brasa à sua sardinha”, Muks tem estado a insistir com Trump para que trave as tarifas. Mas está visto que tal não irá acontecer

Donald Trump manteve o seu apoio a Musk até agora, mas recentemente sinalizou várias vezes que a missão do empresário hiperativo dentro do seu Departamento de Eficiência Governamental (DOGE) não durará para sempre.

Miguel Esteves, ZAP // Lusa

6 Comments

  1. Um “bully” só percebe a linguagem de outro “bully”.

    Trump tenta ser forte com os fracos, mas é fraco com os fortes. Estou a falar em termos militares tipo a Rússia. Com a Rússia não mostra os dentes, mas com os outros arma-se em forte.

    Só espero que a UE não baixe os braços e responda como a China. E que este anormal acaba por sentir o seu próprio remédio.

    Sejamos coerentes, os EUA não podem querer competir na balança comercial com 28$ de custo por hora de mão de obra, com países que têm 7$ de custo atual. Têm que apostar em negócios que têm mais valor acrescentado e são diferenciados. Não têm? Temos pena, tivessem investido na formação mais cedo.

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  2. Não. Os líderes estão a dar-lhe um pontapé no rabo. Algumas acções que decretou foram boas, mas a questão das tarifas com os aliados não foram boa decisão.

  3. O Trump tem as horas contadas. Simples, 50% não votou nele e 40% dos que votaram, já estão arrependidos.
    Este Sr já levou 6 empresas à falência com custos para o povo americano, agora vai levar a própria América à falência.

  4. Este gajo, Donald Trump, anda bêbado ou está senil.
    A linguagem utilizada por Trump é própria de um carroceiro!
    Se fosse americano, tinha vergonha.

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