Caso dos aeroportos “arrumado” e disponibilidade para falar com PSD. “Ainda me vão ver aqui durante algum tempo”

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José Sena Goulão / Lusa

O ministro das Infraestruturas e da Habitação, Pedro Nuno Santos

O ministro das Infraestruturas e da Habitação, Pedro Nuno Santos, afirmou esta quarta-feira no Parlamento que o assunto do despacho do seu gabinete sobre o futuro das infraestruturas aeroportuárias na região de Lisboa, que acabou por ser revogado por determinação do primeiro-ministro, está “arrumado”.

“O despacho já não existe, a situação está reposta, o Estado não foi lesado e a possibilidade de conversação com o PSD mantém-se”, declarou, aproveitando o momento para afirmar: “admito que alguns partidos não gostassem de me ver aqui, mas ainda me vão ver aqui durante algum tempo”.

O ministro sublinhou que o PSD “tem o caminho aberto para participar com o Governo numa decisão importante sobre o novo aeroporto”.

“As opiniões que PSD tiver sobre o aeroporto propriamente dito e sobre processo de [avaliação ambiental estratégica] AAE serão muito bem vindas pelo Governo e estamos disponíveis para vos ouvir”, disse, em resposta à bancada social-democrata, citado pelo Negócios.

Assegurou que o concurso para a AAE ganho pelo consórcio da Coba e pela empresa espanhola de capitais públicos Ineco “cumpriu as regras europeias”, mas foi feita “uma opção política” porque se entendeu que, “independentemente da veracidade do trabalho desse consórcio colocaria sempre junto dos portugueses dúvidas sobre esse resultado” pela facto de a Ineco ser detida a 51% pelo Estado espanhol.

Quanto à possibilidade de submissão da AAE a um novo concurso, referiu que “tem risco jurídico, mas sobretudo um atraso maior no processo”, frisando que “esse risco não existe se for adjudicado ao LNEC”.

“É decisão que estamos disponíveis para tomar nas conversas que tivermos com PSD”, afirmou, esperando que as “conversas entre o primeiro-ministro e o líder PSD possam acontecer o quanto antes” e afirmando a disponibilidade para que a solução final “não seja exatamente aquela que desejamos”.

“Não temos nenhuma solução que vá ser aceite por toda a gente, mas é importante que tenha o maior apoio possível”, frisou.

Também esta quarta-feira, disse ser “óbvio para todos” que há problemas estruturais e conjunturais no Aeroporto Humberto Delgado, em Lisboa, mas desvalorizou o ‘ranking’ da AirHelp, que o classificou como o pior.

“É óbvio para todos que nós temos problemas no Aeroporto Humberto Delgado […] conjunturais e estruturais”, afirmou o ministro, que está a ser ouvido no parlamento, por requerimento do PSD, para esclarecimentos sobre os problemas nos aeroportos de Lisboa e do Porto, avançou a agência Lusa.

No entanto, desvalorizou a classificação do ‘site’ alemão AirHelp, que divulga anualmente um ‘ranking’ mundial dos aeroportos, no qual o Aeroporto Humberto Delgado, em Lisboa, surge na 132.ª posição, com uma avaliação geral de 5.76 em 10 pontos, entre os 132 aeroportos avaliados, ou seja, em último lugar.

O governante apontou que o ‘ranking’ tem várias falhas e está desatualizado, posição que tinha sido já defendida também pela ANA – Aeroportos de Portugal.

Pedro Nuno Santos disse também ser “óbvio” que a TAP é a companhia aérea com mais cancelamentos na Portela, porque “a presença da TAP no aeroporto não tem paralelo com outra companhia”, adiantando ainda que a média de cancelamentos no aeroporto de Lisboa entre 01 e 07 de julho foi de 4,5% e a da TAP de 2,8%.

“Temos problemas no Aeroporto Humberto Delgado, […], temos problemas com a maior companhia aérea que opera nesse aeroporto, estamos, apesar disso, muito longe da realidade vivida pela maioria esmagadora das companhias e aeroportos por toda a Europa”, acrescentou Pedro Nuno Santos.

A audição acontece numa altura em que estão a ser cancelados vários voos, diariamente, nos aeroportos europeus, devido à falta de pessoal, greves e outros fatores externos agravantes, nomeadamente climáticos, relacionados com a covid-19 ou com imprevistos. Em Portugal, o Aeroporto Humberto Delgado tem sido especialmente afetado, com dezenas de cancelamentos diários na última semana.

ZAP //

1 Comment

  1. Não está nada arrumado. Este caso perdurará como o caso de maior idiotice governativa e de traição ao seu próprio superior. Dois aeroportos, na margem sul, cuja localização nasceu e morreu em 24 horas. Isto nem num terceiro mundo.

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