O antigo vice-presidente do CDS-PP, Adolfo Mesquita Nunes, considera que o partido “tem tudo a ganhar” em deixar André Ventura fora da solução encontrada para os Açores.
Adolfo Mesquita Nunes rompeu o silêncio desde o congresso de janeiro e, num artigo de opinião publicado no Observador, criticou o acordo desenhado com o Chega nos Açores. Para o antigo vice-presidente de Assunção Cristas, a aliança compromete a “identidade e a sobrevivência” do CDS-PP.
“Deixar a alternativa [reformista] nas mãos do Chega compromete a possibilidade de um projeto reformista que resolva os problemas de todos os que perderam já a esperança e compromete a sobrevivência e a identidade do meu partido. É por isso que o erro cometido nos Açores não deve repetir-se”, escreveu o centrista.
Mesquita Nunes foi uma das 54 personalidades que lançaram a carta aberta, divulgada pelo Público, na qual se pedia um cordão sanitário em torno dos extremismos. O movimento foi entendido como uma crítica implícita ao acordo conseguido nos Açores.
Francisco Rodrigues dos Santos reagiu, afirmando que “há muita gente à direita que prefere os salões do Bairro Alto e do Príncipe Real em vez de querer corresponder a uma vocação de mudança de uma direita real que existe no nosso país”.
Em resposta ao líder do CDS, Adolfo Mesquita Nunes sugere que Francisco Rodrigues dos Santos está a lutar contra moinhos de vento – ou seja, o inimigo não está dentro do CDS, mas fora.
“Permitam-me que diga algo sobre o CDS, não só porque os órgãos do partido não reúnem, mas também porque fui acusado pelo presidente do meu partido de ser da ‘direita que prefere os salões do Bairro Alto e do Príncipe Real’, um daqueles comentários próprios de quem não percebe que a ameaça ao CDS não está nos críticos de um acordo com o Chega (primeiro negado, agora sussurrado – uma mentira que parece não ter comovido ninguém mas que dá bem conta do embaraço), mas nos falsos amigos que nunca votaram CDS e insistem que o CDS tem tudo a ganhar em deixar Ventura entrar no arco da governabilidade”, salientou no artigo de opinião.
Este tema, que não reúne consenso no partido, deverá marcar o próximo Conselho Nacional do CDS, ainda sem data marcada.
Açores: Líder do Aliança na região demite-se
O presidente da Comissão Política do Aliança nos Açores, Paulo Silva, apresentou a sua demissão em reunião do partido, realizada em Ponta Delgada, devido aos resultados das legislativas de 25 de outubro.
Segundo uma nota de imprensa, a sua decisão “foi baseada nos resultados das últimas eleições nos Açores”, onde se verificou que “a mensagem do projeto que o Partido Aliança tinha para os Açores não chegou ao eleitorado açoriano”.
O Aliança obteve apenas 422 dos votos expressos pelos açorianos em 25 de outubro (0,42%), falhando a sua meta de eleger, pelo menos, um deputado para a Assembleia Legislativa Regional dos Açores.
O presidente demissionário saudou “todos os membros eleitos para a Assembleia Regional dos Açores” e desejou as “maiores felicidades ao novo Governo Regional”.
ZAP // Lusa