Academia (de luxo) de ciberdefesa ainda nem abriu. Mas o Governo vai criar uma nova

Academia custou quase um milhão de euros está pronta para ser utilizada há mais de um ano. Continua vazia e agora vai surgir outro espaço.

“O Cyber Academia and Innovation Hub (CAIH) tem por missão estimular a formação, o treino e exercícios, a investigação, o desenvolvimento e a inovação, para alimentar o ecossistema nacional e internacional com o conhecimento e competências necessárias à nova geração de profissionais, bem como para apoiar o desenvolvimento de capacidades de ciberdefesa e cibersegurança”.

“Para tal, o CAIH deverá constituir-se num Centro de Excelência, de nível internacional, que interligue Universidades, Centros de Investigação, a Indústria e outras entidades do setor público e privado, orientado para: (i) A Formação, o Treino e os Exercícios (FT&E); (ii) o apoio à Investigação, Desenvolvimento e Inovação (ID&I); e (iii) o apoio ao Desenvolvimento da Indústria (D.IND)”.

Esta descrição está disponível no site do ministério da Defesa, sobre o Cyber Academia Innovation Hub, na Academia Militar, em Lisboa.

Criada para formar militares e civis, custou 945 mil euros, ficou pronta no final de 2021, tem mobiliário de luxo, computadores e equipamentos topo de gama e… continua fechada. Ainda não foi utilizada.

O Diário de Notícias destaca o caso, lembrando que o contrato inicial do projecto, assinado há quase 4 anos, foi assinado por Alberto Coelho, que era director-geral e que há poucos meses foi constituído arguido na operação ‘Tempestade perfeita’.

E ainda se prevê a canalização, para a academia, de 2.6 milhões euros até 2026.

Tal como as instalações, o plano do grupo de trabalho responsável por este projecto está pronto há mais de um ano. Mas falta o ministério da Defesa validar o documento, para oficializar o processo.

Ainda nem abriu, mas já há material a ser retirado. Fontes ligadas à Defesa revelaram que algumas empresas parceiras já começaram a retirar material daquele espaço porque estão “desanimadas pela situação de impasse”.

Impasse porquê? Essencialmente porque houve eleições legislativas poucas semanas depois de a academia ficar pronta. No ano passado, João Gomes Cravinho deixou de ser ministro da Defesa; o actual ministro dos Negócios Estrangeiros foi substituído por Helena Carreiras.

Escola nova

Entretanto, apesar de esta academia ter sido criada em contexto de ciberdefesa, e de estar pronta para ser utilizada, vai ser criado outro espaço para formar militares no mesmo contexto.

A Escola de Ciberdefesa, a construir de raiz, será no edifício do ministério da Defesa. E até perto deste espaço, a cerca de 15 minutos de distância

Este terá outros cursos: 12.5 milhões de euros para a contratualização de formação a entidades formadoras e para a criação/requalificação das infraestruturas necessárias para o seu funcionamento.

Prevê-se que esta nova escola tenha articulação com o Cyber Academia and Innovation Hub.

O porta-voz do ministério assegura que não há aqui uma “duplicação” de recursos porque, explica, os objectivos dos dois espaços são diferentes.

A Escola de Ciberdefesa tem como objectivo principal “a formação e o treino de militares, e de civis afectos a operações militares no ciberespaço”.

O Cyber Academia and Innovation Hub tem uma “dimensão de duplo-uso, aprofundando a dimensão civil e militar da segurança do ciberespaço, com o objectivo alimentar o ecossistema nacional com conhecimento e competências necessários às novas gerações de profissionais”.

“Pelo facto de os objectivos de cada uma das organizações serem diferentes, apesar de complementares, não existe duplicação de meios”, conclui.