À “distância”, no espaço e nas ideias – mas “colados” no PS

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ZAP // António Pedro Santos, António Cotrim / Lusa

Num debate em que as pensões foram destaque, Luís Montenegro, da Aliança Democrática (AD) e Paulo Raimundo, do Partido Comunista Português (PCP), não se contiveram a tentar colar “o outro” ao Partido Socialista (PS).

Afinal, sempre houve debate entre Luís Montenegro e Paulo Raimundo. À distância, mas houve.

Naturalmente, também nas ideias os dois líderes políticos – de correntes ideológicas opostas – estiveram à distância.

Mas, no debate deste sábado com transmissão na RTP, houve coisa que os uniu: a tentativa de colarem “o outro” ao Partido Socialista (PS).

De um lado, Luís Montenegro acusou Paulo Raimundo de se querer associar aos anos de governação socialista.

“Está querer associar-se aos resultados da governação do Partido Socialista na Saúde, na Educação, na Habitação. E isso fica-lhe muito bem, até porque tem responsabilidade neles“, disse o líder do PSD, que, neste debate representou a AD – coligação composta por PSD, CDS-PP e PPM.

O secretário-geral do PCP aproveitou a deixa para enaltecer que, pelo menos, esses anos tinha contribuído para o afastamento de um governo de coligação entre PSD e CDS-PP, depois dos sociais-democratas terem vencido as eleições legislativas de 2015 sem maioria: “O PCP e a CDU tiveram um papel determinante para travar o projeto que estava em curso de destruição do nosso país“.

Mas Paulo Raimundo não ficaria por aqui e jogou a carta reverse contra Montenegro, acusando-o de se colar ao PS, sempre que precisa: “Quando foi preciso (…) o PSD deu a mão às opções mais erradas do Partido Socialista“.

No debate sobre pensões, Luís Montenegro disse que a proposta do PCP para os pensionistas – na qual os comunistas defendem “um aumento de todas as pensões em 7,5%, com um mínimo de 70 euros, para agora, porque agora é preciso” – era inconcebível no país real.

Na resposta, o secretário-geral do PCP aconselhou Montenegro a rever a sua posição, uma vez que não é a recusar constantemente essa proposta – como aconteceu já no Parlamento – que o PSD se vai conseguir “reconciliar com os pensionistas”, como refere.

O objetivo dos sociais-democratas, numa eventual governação, é que “garantir a todos os pensionistas que todos os anos terão um aumento das suas pensões, no mínimo, equivalente à inflação” que nenhum pensionista tenha de rendimento menos que 820 euros.

Paulo Raimundo afirmou, lamentando, que as propostas dos sociais-democratas para as pensões são, como sempre, uma “chuva de promessas” que acabam por não ser cumpridas.

“O PSD teve oportunidade de nos acompanhar na proposta, para dar um sinal nesse sentido e não o fez. Estamos na fase em que tudo é prometido – estamos nesta chuva de promessas – para depois amanhã, se se apanharem no poleiro, tentarem justificar por que é que não podem cumprir as promessas”, considerou.

Tal como tinha feito no dia anterior, no debate com André Ventura, Paulo Raimundo voltou a evocar os tempos da troika, sublinhando que a experiência e a história são fundamentais para perspetivar o futuro: “nós não nos podemos esquecer dos tempos dos cortes das pensões, dos cortes dos salários, do subsídio de Natal…”

“Não nos podemos esquecer que Luís Montenegro, a AD, o PSD, o CDS – mas também para sermos justos, aqueles que hoje são os rostos do Chega, da IL – foram os recordistas dos cortes de pensões nos tempos sombrios da troika”, acrescentou.

Os líderes AD e do PCP foram ainda aos impostos, onde Paulo Raimundo acusou Luís Montenegro de querer proteger e beneficiar as grandes empresas, ao baixar o IRC – Imposto sobre o Rendimento de Pessoas Coletivas.

Quanto ao aeroporto, o secretário-geral comunista diz que o assunto está “arrumado” com Alcochete, enquanto que o social-democrata admitiu uma revisão das conclusões que determinaram a viabilidade desta opção.

Miguel Esteves, ZAP //

1 Comment

  1. Só os autistas de alguma direita concedem a Montenegro a vitória, neste debate.
    Paulo Raimundo, com a sua calma, coerência e pertinente argumentação, obrigou Montenegro a recorrer à sonsisse que aprendeu com o mestre.
    Com toda a deselegância, fingiu que não estava a ouvir, enquanto rebuscava a resposta.
    Dei-me à pachorra de ouvir os comentadeiros pós debate e, nos casos em classificam aos intervenientes, Paulo Raimundo recebeu as melhores notas, sendo que Montenegro teve mesmo dois “mau” e dois “suficiente”.
    Vale o que vale, nas não deixa de ser interessante.

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