Medalhas imaginárias, pseudociência, “assassinatos”… E soluções para o país?

ZAP // António Pedro Santos, Manuel Fernando Araújo / Lusa

Foram poucas e pouco claras as ideias para o futuro do país, no debate entre Paulo Raimundo e André Ventura, esta sexta-feira. Os líderes do PCP e Chega centraram-se em ataques e acusações sobre o passado.

O debate desta sexta-feira entre Paulo Raimundo do PCP e André Ventura do Chega envolveu muito choque histórico-ideológico e poucas soluções para o país atual.

De um lado, Paulo Raimundo exibiu a medalha imaginária de não ter votado a favor de nenhuma proposta política do Chega, apesar de admitir concordar com algumas delas.

“Orgulho-me do facto de termos a medalha de não termos acompanhado nenhuma proposta política do Chega. Por uma razão simples: é que nós não vamos contribuir para alimentar a demagogia e a hipocrisia. Conhecemos bem as propostas… De manhã são umas, à tarde são outras e à noite já se faz doutra maneira”, acusou o secretário-geral do PCP.

“Acha que isso é bom para o parlamento?”, questionou André Ventura que acusou Paulo Raimundo de ter “uma cegueira ideológica enorme”.

Isto tudo porque o moderador da CNN João Póvoa Marinheiro lançou ao debate o tema da corrupção – que une ambos os partidos, pela urgência e preocupação com que o encaram.

Lançado farpas a André Ventura, Paulo Raimundo começou por dizer o centro da corrupção em Portugal está nas privatizações. Na resposta, o líder do Chega com que fundamentos científicos é que o líder dos comunistas tinha chegado a essa conclusão.

“A corrupção não é de empresas públicas nem privadas. A corrupção está instalada em Portugal. Há corrupção no setor público empresarial do estado e há corrupção no setor privado”, disse André Ventura, questionando Paulo Raimundo no que é que se baseia para dizer que as privatizações são o centro fundamental da corrupção.

O estudo é a experiência adquirida ao longo destes anos”, disse Paulo Raimundo.

“Isto não é matéria de opinião, Paulo. Ou tem dados ou não tem, não é assim que se dizem as coisas”, contrapôs André Ventura.

Mais à frente no debate, Paulo Raimundo associou André Ventura à troika, referindo que “durante aqueles tempos sombrios [2011-2014], André Ventura [então do PSD] estava a aplaudir o corte das pensões, dos salários, do subsídio de Natal, durante o maior momento de subida de impostos no país…”

André Ventura quis, desde logo, demarcar-se desses tempos, sugerindo ao secretário-geral do PCP que fosse “um pouco sério”: “Eu era deputado? Era governante?”

Na deixa seguinte, André Ventura tentou fazer o mesmo tipo de correlação que Paulo Raimundo havia feito, recorrendo aos “assassinatos do PREC (Processo Revolucionário em Curso)”.

“Era o mesmo que eu dizer assim: o Paulo Raimundo, quando foi o PREC, estava no PCP, então é responsável pelas nacionalizações, pelos assassinatos… quer fazer este tipo de política?”, atirou André Ventura.

Mas, no tempo do PREC (1975), Paulo Raimundo, atualmente com 47 anos, ainda não era nascido.

No meio de tanta história, poucas ideias sobre o futuro do país.

Até no tema da imigração, André Ventura voltou a insistir no tema dos assassinatos: “Se há pessoa neste debate que não se pode orgulhar da história é o secretário-geral do PCP, em que todas as histórias onde o PCP mexeu acabaram não só em imigração, mas em morte e roubo”.

Miguel Esteves, ZAP //

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