As infeções fúngicas estão a espalhar-se pelo planeta. As alterações climáticas poderão ter parte da responsabilidade, e a medicina não está preparada para as combater.
Não estamos propriamente num cenário “The Last of Us”, mas as infeções fúngicas estão a aumentar em todo o mundo, e o aumento alarmante pode estar relacionado com as alterações climáticas.
Nos últimos meses, os EUA registaram vários surtos de infeções fúngicas, incluindo duas mulheres em Nova Iorque infetadas com uma espécie fúngica resistente a medicamentos nunca antes registada no país.
Nos últimos dois anos, os casos de infeção com Candida auris, um fungo de caráter invasivo que pode entrar na corrente sanguínea e causar infeções graves, triplicaram.
O aumento de infeções fúngicas, como a blastomicose e a meningite causadas por fungos, despertou um sentimento de urgência entre um pequeno grupo de especialistas que monitorizam a situação.
Segundo a Wired, embora seja desafiante fornecer uma explicação para o aumento das infeções fúngicas, a hipótese da influência das alterações climáticas está a ganhar força.
Os fungos normalmente prosperam em condições ambientais específicas, mas uma pequena alteração na temperatura ou nos padrões de precipitação pode permitir que se proliferem em novas áreas.
Por exemplo, a Candida auris, que se tornou quase resistente a todos os medicamentos antifúngicos, emergiu simultaneamente em vários continentes e tem vindo a adaptar-se para prosperar em superfícies inorgânicas.
Alguns investigadores sugerem que o aquecimento global possa permitir que os fungos se adaptem a temperaturas mais elevadas, tornando potencialmente os mamíferos, incluindo os humanos, mais suscetíveis a infeções — precisamente o cenário “The Last of Us”.
Um estudo publicado em janeiro na PNAS, mostra um aumento de cinco vezes na taxa de mutação no fungo patogénico Cryptococcus deneoformans quando cultivado à temperatura do corpo humano, apoiando esta teoria.
Não só as doenças fúngicas estão a tornar-se cada vez mais frequentes, como novos patogénicos estão a emergir, e os já existentes estão a reivindicar novos territórios.
De acordo com um estudo publicado em fevereiro na revista Microbiology, a gama historicamente documentada de fungos específicos está amplamente desfasada da que está agora a causar infeções — o que leva os autores do estudo a sugerir que o combate se deve focar nos sintomas e não em farores geográficos.
A ligação entre as alterações climáticas e a maré crescente de infeções fúngicas é complexa e ainda está por provar definitivamente, mas os cientistas acredutam que o padrão crescente de condições meteorológicas extremas está a aumentar a propagação de doenças fúngicas.
O estudo contínuo destas infeções e uma abordagem proativa na compreensão do seu comportamento, salienta a Wired, podem ser as chaves para que a Humanidade se mantenha um passo à frente do fungo que pode causar algo como um apocalipse.