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O fungo zombie de “The Last of Us” é real. Pode ele vir a controlar humanos?

HBO

O fungo zombie da série “The Last of Us” é real. Para já não pode infetar humanos, mas os peritos dividem-se quanto ao seu potencial nefasto.

“The Last of Us” é a série do momento — que o digam os 6,4 milhões de espetadores que assistiram só à estreia do terceiro episódio, no último domingo.

A série é inspirada no videojogo homónimo e, sem grandes spoilers, decorre 20 anos depois de uma infeção em massa causada por uma mutação do fungo Cordyceps, que desencadeou uma pandemia global.

Para aqueles que já viram a série, saiba que o Cordyceps é real. O fungo cresce principalmente em insetos e outros artrópodes. Ainda assim, algumas pessoas temem que o mesmo que acontece na ficção possa um dia acontecer na realidade.

Através do Twitter, o micologista Paul Stamets tranquilizou as pessoas: “Sejamos claros: Cordyceps não podem infetar humanos”.

O fungo não consegue sobreviver nos nossos corpos devido à nossa temperatura corporal. Os fungos só sobrevivem até aos 32°C, e a temperatura do corpo humano é de 34°C.

Mas o pressuposto que “The Last of US” usa para explicar como o Cordyceps poderia infetar os humanos é simples, e aterrador.

Logo nos primeiros minutos do primeiro episódio, um cientista explica, num programa de TV nos anos 70, que “se a temperatura da Terra aumentar alguns graus devido ao aquecimento global, os fungos poderiam evoluir e adaptar-se a temperaturas mais elevadas — passando a poder sobreviver em humanos”.

E, no jogo como na nova série da HBO, assim viria a acontecer em 2003 — com consequências catastróficas para a Humanidade.

“Na realidade, os fungos oferecem-nos hoje algumas das melhores soluções necessárias para resolver muitas das ameaças existenciais que enfrentamos”, escreveu ainda Stamets, descrevendo o potencial deste fungo de substituir a maioria dos pesticidas químicos.

Como outros parasitas, o Cordyceps drena completamente os nutrientes do seu hospedeiro antes de encher o seu corpo com esporos que permitirão que o fungo se reproduza. Por fim, expulsa esses esporos, infetando outros insetos próximos.

O Cordyceps normalmente não infeta outros hospedeiros através da boca, como retratado na série, e os infetados também não estão conectados uns aos outros através de uma rede.

Sabe-se ainda que cerca de 35 destes fungos transformam insetos em zombies, mas podem existir até 600, explica João Araújo, especialista em fungos parasitas do Jardim Botânico de Nova Iorque, em declarações à National Geographic.

Erich G. Vallery / USDA Forest Service

Vespa infetada por um fungo Cordyceps.

Pode infetar também humanos?

É difícil prever com precisão a probabilidade de uma pandemia de fungos. No entanto, a ocorrência de surtos e infeções fúngicas tem vindo a aumentar nos últimos anos devido a fatores como viagens, alterações ambientais e surgimento de estirpes resistentes a antifúngicas.

Isto destaca a necessidade de monitorização e investigação contínuas para entender melhor o potencial de pandemias fúngicas e como evitá-las.

“Uma pandemia fúngica é definitivamente possível”, disse Norman Van Rhijn, micologista que investiga infeções fúngicas na Universidade de Manchester, em declarações à Insider.

À NPR, Bryn Dentinger, professor de biologia da Universidade de Utah, salienta que embora a perspetiva de o Cordyceps ser capaz de manipular o comportamento humano não seja impossível, não é provável.

“É improvável que consigam saltar, digamos, de uma formiga para um ser humano, porque somos muito diferentes”, disse o perito à rádio norte-americana.

Tom Chiller, chefe de doenças fúngicas do Centro de Controlo e Prevenção de Doenças dos EUA, discorda. Chiller realça que não se surpreenderia com o “surgimento de mais fungos como patógenos humanos, que se tornam mais difíceis de tratar e mais infecciosos”.

Daniel Costa, ZAP //

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