Cientistas americanos que estudam o vírus zika advertiram que pode ser preciso até uma década para que a sua vacina contra a doença esteja disponível ao público.
O vírus, que já se espalhou por pelo menos 21 países do continente americano, foi ligado à microcefalia em bebés, e no Brasil 3.400 casos suspeitos estão a ser investigados pelo Ministério da Saúde – apesar de apenas 270 casos confirmados da má-formação por causa do vírus. No total, 4.180 casos suspeitos de microcefalia foram notificados no país.
A Dinamarca tornou-se esta quarta-feira o sétimo país europeu onde foi diagnosticado o vírus Zika, com uma pessoa infetada durante uma viagem para a América Central e do Sul, juntando-se assim a Itália, Espanha, Portugal, Suíça, Holanda e Reino Unido.
Nos EUA, a busca pela vacina está a ser liderada por cientistas da Universidade do Texas, que visitaram o Brasil para pesquisar e recolher amostras, que estão agora a ser analisadas em laboratório.
Os cientistas afirmam que, mesmo que possam desenvolver uma vacina para testes nos próximos dois anos, podem precisar de dez anos para que esta seja aprovada pelos órgãos reguladores como a FDA, o órgão norte-americano que regula alimentos e medicamentos.
“O que demoraria mais seria o processo de aprovação pela FDA e outras agências reguladoras para abrir o seu uso ao público, e isso pode levar até dez ou 12 anos“, disse à BBC Nikos Vasilakis, professor-assistente do Departamento de Patologia da Universidade do Texas.
Segundo uma reportagem do Estado de S. Paulo desta quarta-feira, contudo, um acordo selado entre as autoridades brasileiras e norte-americanas está a tentar reduzir esse prazo para três anos.
O Brasil também está a desenvolver investigação própria em busca de vacinas. Uma delas, do Instituto Butantan, um dos maiores centros de pesquisa biomédica do mundo, poderia ser acelerada tendo em conta a urgência da situação – e ficar pronta em cinco anos.
Laboratório
A BBC visitou o laboratório da Universidade do Texas, cujo acesso é controlado com rigidez pela polícia e pelo FBI.
O insectário onde os investigadores trabalham tem mais de 20 tipos diferentes de mosquitos e “amostras” de Aedes aegypti – transmissor do zika, da dengue e do chikungunya – de 12 países diferentes.
Um dos investigadores, Scott Weaver, diretor do Instituto de Infecções Humanas e Imunidade da instituição, disse à BBC que as pessoas estão certas em ter medo do vírus, sobretudo no caso das gestantes.
“O risco é de facto significativo, e se ocorrer a infeção do feto e a microcefalia se desenvolver não temos como alterar as consequências de uma doença grave, que às vezes é fatal ou deixa as crianças com deficiências mentais por toda a sua vida”.
Os investigadores estudam também se o zika pode ser transmitido através de relações sexuais ou pela saliva, ainda que isso pareça ser menos comum.
“Pensamos que a transmissão sexual pode ocorrer, mas não sabemos com que frequência ou qual o risco de um indivíduo ser infetado”, afirma Weaver.
ZAP / BBC