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Cientistas ressuscitam um urso de água congelado há 33 anos

Uma equipa de cientistas japoneses conseguiu ressuscitar um exemplar de urso de água encontrado congelado, há 30 anos, no Polo Sul, anunciou o Instituo Nacional de Investigação do Japão, NIPR.

Em comunicado, o NIPR anunciou ter ressuscitado um exemplar de tardigrado, popularmente conhecido como urso de água, que tinha sido encontrado em amostras de musgo obtidas em novembro de 1983 perto da base polar japonesa de Showa, na Antártida Oriental.

O tardigrado é um extremófilo, animal capaz de sobreviver em situações extremas, no vácuo do espaço e em temperaturas abaixo de zero, e é considerado “o animal mais resistente do mundo“.

Em 2007, a Agência Espacial Europeia, ESA, enviou mesmo 3.000 tardigrados para o espaço, durante 12 dias, tornando-os os primeiros animais a sobreviver à exposição ao espaço sideral.

O tardigrado consegue adaptar o seu metabolismo às condições ambientes, diminuindo ou aumentando o seu ritmo, o que lhe permite viver num grande num intervalo de temperaturas que vai desde os -20ºC até aos 100º, e suportar condições extremas de pressão e de radiação.

Este animal microscópico de oito patas, pertencente ao filo dos artrópodes, recebeu a alcunha de urso de água devido à sua aparência e forma de caminhar.

Ressuscitado 33 anos depois

A equipa de cientistas do NIPR iniciou em março de 2014 o processo de descongelamento do tardigrado encontrado há 33 anos, tendo conseguido fazê-lo “regressar à vida”.

Segundo o jornal japonês The Asahi Shimbun, a equipa de cientistas encontrou na amostra de musgo colhida em Showa dois exemplares e um ovo de tardigrado, tendo conseguido descongelar um dos animais e o ovo.

Depois de ressuscitado, o animal começou a movimentar-se e a comer normalmente, tendo posto 19 ovos – dos quais 14 eclodiram.

O processo de ressuscitação usado pela equipa de cientistas foi descrito num artigo, publicado na revista Cryobiology.

O animal encontrava-se em criptobiose, um estado de latência que assegura a sobrevivência em ambientes extremos. Para tal, o tardigrado desidratou-se e entrou em hibernação.

Já tinha sido possível “ressuscitar” animais congelados, mas nunca antes um animal tinha ficado mais de nove anos congelado no gelo.

“Queremos descobrir o mecanismo que permite a estes animais reparar estragos no seu DNA”, disse ao Asahi o principal autor do estudo, Megumu Tsujimoto, investigador do NIPR.

O descongelamento deste exemplar vai agora permitir aos cientistas estudar o processo de  hibernação que lhe permitiu ser ressuscitado ao fim de 30 anos — algo que pode vir a ser muito útil ao Homem no futuro, por exemplo em viagens interplanetárias de longo curso.

AJB, ZAP //

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