Le Bataclan, a sala de espetáculos onde 90 pessoas foram mortas por jihadistas nos atentados de 13 de novembro, em Paris, poderá reabrir no final de 2016.
Em entrevista ao Le Monde, Olivier Poubelle e Jules Frutos, proprietários que detêm um terço do teatro e são responsáveis pela programação deste e de vários outros espaços musicais na capital francesa, contam como ficaram devastados pelos atentados.
Na noite da tragédia, Poubelle acorreu de imediato ao local enquanto as pessoas no interior do teatro estavam a ser abatidas a tiro e estava ainda em curso o cerco de três horas.
“Havia mortos e feridos por todo o lado, a polícia queria saber como era a disposição da sala e o que iria encontrar atrás da porta, como chegar ao piso de cima o mais rapidamente possível”, descreveu ao jornal.
“Quando vi as fotos das vítimas, houve muitas que reconheci. Posso nunca ter falado com elas, mas já as tinha visto na sala de concertos ou no bar. É uma sensação horrível”, desabafa Jules Frutos. “A única coisa que há a dizer é que havia uma joie de vivre que foi assassinada“, afirmou.
Os dois sócios descreveram a zona – o 11º arrondissement, na zona oriental de Paris – como uma das mais multiétnicas e de esquerda de França, mas criticaram as tentativas de rotular ou politizar os ataques.
“Eles só queriam matar tantas pessoas quanto possível”, observou Poubelle.
“Dois dos nossos colegas morreram, tal como profissionais da música que conhecíamos bem. Outros estão gravemente feridos. Eu não estava no teatro e estou sempre a pensar nisso”, conta o proprietário. “Um socorrista disse-me ‘Você não é responsável’, mas mesmo assim…”
Os dois colegas que morreram – um técnico de luz e um assessor de imprensa – estavam no Bataclan em lazer, a assistir ao concerto dos norte-americanos Eagles of Death Metal.
“É vital que as portas se reabram”
Nenhum dos funcionários que estavam de serviço naquela noite morreu. Três empregados do bar esconderam-se numa arrecadação e “dois seguranças da entrada salvaram vidas”, sublinhou Poubelle.
Nenhum dos dois sócios voltou a entrar no Bataclan desde 13 de novembro, mas continuam a passar pelo local todos os dias para ver as multidões e as várias homenagens – e ansiosos que a música regresse, defendendo que a sala de concertos “não deve tornar-se um mausoléu ou um local de peregrinação”.
“A equipa quer uma reconstrução, os artistas também. Falamos muito sobre isso, mas será um longo caminho”, afirmou Jules Frutos ao diário francês. “Estamos mortos por agora, mas precisamos de vida. É vital que as portas se reabram”, frisou.
Os Eagles of Death Metal já disseram que querem dar o primeiro concerto se o Bataclan reabrir.
ZAP