Três eletroquímicos da Universidade de Alicante, em Espanha, estão a realizar em voos na agência espacial norte-americana NASA uma experiência dirigida a recuperar a água da urina dos astronautas com um catalisador inovador que consegue gerar energia.
Estes três investigadores do Instituto Universitário de Eletroquímica já realizaram com sucesso o primeiro dos cinco voos previstos em condições de microgravidade.
De 8 a 16 de janeiro, os eletroquímicos voltam a Houston, nos Estados Unidos, para quatro novas saídas numa aeronave especialmente adaptada para experimentação científica e que imita as condições vividas no espaço.
Um dos investigadores, Solla Gullón, contou à agência EFE que o catalisador que estão a desenvolver pode ser especialmente útil em futuras missões de longa duração, como a ida a Marte, e para estações espaciais, já que os resíduos fisiológicos produzidos pelos astronautas se tornam um problema devido à falta de espaço de armazenamento.
O eletrocatalisador converte o amoníaco em nitrogénio, gás que se elimina facilmente, mediante um processo de oxidação eletroquímica em que se geram eletrões, que podem ser usados como fonte de energia para alimentar instrumentos a bordo.
Desde os primeiros voos espaciais, na década de 60 do ano passado, que o tratamento da urina tem sido um ponto-chave no sucesso das missões espaciais.
Normalmente, a urina e o suor produzidos pelos astronautas são reciclados, transformados em água potável e reutilizada a bordo.
O astronauta Scott Kelly, que se encontra desde março de 2015 na Estação Espacial Internacional, irá beber 757 litros da sua própria urina e suor durante uma missão especial, com um ano de duração.
A experiência de Hullón e seus colegas poderá alargar o campo de aplicação dos resíduos fisiológicos dos astronautas — e levar a sua urina até onde nenhum homem chegou antes.
ZAP / Lusa