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Lockerbie: Mãe soube da morte do filho 24 anos depois

BBC

Carol King-Eckersley decidiu procurar o filho 45 anos depois de o ter dado para adopção e descobriu que ele tinha morrido em 1988

Carol King-Eckersley decidiu procurar o filho 45 anos depois de o ter dado para adopção e descobriu que ele tinha morrido em 1988

O filho de Carol King-Eckersley foi uma das 270 vítimas do atentado a um avião da Panam que caiu sobre a cidade escocesa de Lockerbie, há exactamente 25 anos. Mas Carol só descobriu a perda este ano.

Este sábado, várias homenagens às vítimas do ataque tiveram lugar na Grã-Bretanha e nos Estados Unidos.

O atentado de Lockerbie foi o acto terrorista mais fatal já ocorrido na Grã-Bretanha e, até ao 11 de setembro, também tinha sido responsável pelo maior número de perdas de vidas americanas.

Quando o seu marido morreu, o ano passado, Carol fez terapia e, como parte do tratamento, resolveu procurar o filho que tinha dado para adopção em 1967, quando tinha 19 anos.

Carol sabia o nome do filho, mas durante os últimos 45 anos tinha cumprido a promessa de que não o procuraria ou interferiria na sua vida.

Mas ao fazer uma pesquisa na internet, as suas esperanças de um reencontro foram por água abaixo. Carol descobriu o nome do filho num site em memória das vítimas do atentado.

“Duzentas e setenta pessoas morreram naquela tragédia e uma delas foi o único filho que eu tive. E eu não soube disso até ao ano passado”, diz Carol, hoje com 65 anos.

Universidade de Syracuse

Kenneth Bissett morreu pouco depois de completar 21 anos

Kenneth Bissett morreu pouco depois de completar 21 anos

“Foi uma tragédia dupla, encontrei-o e perdi-o no mesmo dia”.

O seu filho, Kenneth Bissett, era estudante da Universidade de Syracuse, nos Estados Unidos, e estava a viver em Londres como parte de um programa de intercâmbio da instituição.

Keneth deveria ter voltado para casa uns dias antes, mas decidiu ficar em Londres para ir à festa do seu 21º aniversário, organizada por amigos.

Keneth embarcou no voo 103 da Panam no dia 21 de dezembro de 1988. O avião explodiu em pleno voo, matando todos os que estavam a bordo, além de 11 pessoas que estavam no solo quando a aeronave caiu sobre Lockerbie.

 

Jovem brilhante

“Apesar de nunca ter estado com ele fisicamente, ele esteve sempre no meu coração. Pensava nele quase todos os dias.”

Carol diz que não pode imaginar a dor dos pais adotivos, Florence e John, já mortos, e que, por nunca ter estado com o filho, a sua dor pode ter sido “suavizada”.

“Vi uma foto de quando ele era bebé pela primeira vez há poucos dias. Nunca o tinha o visto antes, excepto embalado num cobertor amarelo, no dia em que deixámos o hospital e ele foi levado para os pais adoptivos.

BBC

Carol King-Eckersley aos 20 anos

Carol King-Eckersley aos 20 anos

Em 1967, Carol King era a filha do director de uma escola quando ficou grávida.

Carol conta à BBC que deu o filho para adopção para proteger a reputação do pai.

Na época, as pessoas poderiam pensar que o seu pai não conseguiria proteger outras crianças, por não ter conseguido evitar que a própria filha ficasse grávida antes do casamento.

Em outubro, Carol participou num evento anual em Syracuse em memória das vítimas.

A universidade perdeu 35 estudantes no ataque.

Carol conheceu amigos e colegas de curso do filho, que lhe contaram histórias interessantes sobre ele. “De tudo que ouvi, ele parecia ser um jovem brilhante com um óptimo sentido de humor. E era um artista incrível também”.

Dezoito meses antes do atentado em Lockerbie, um navio de guerra americano em patrulha no Golfo Pérsico abateu um avião de passageiros iraniano depois de o confundir com um caça F-14.

BBC

Um primo de Kenneth contou a Carol que ele desenhou um avião a explodir em pleno voo e teria tido aos pais adotivos: “nós vamos pagar por isso”.

Um primo de Kenneth contou a Carol que ele desenhou um avião a explodir em pleno voo e teria tido aos pais adotivos: “nós vamos pagar por isso”.

Um primo de Kenneth contou a Carol que ele desenhou um avião a explodir em pleno voo e teria tido aos pais adotivos: “nós vamos pagar por isto”.

Durante todos os anos em que viveu sem saber da morte de Kenneth, Carol diz ter sonhado com um reencontro.

“Sempre tive a esperança e que um dia ele bateria na porta e, ao abrir, eu veria um homem alto e bonito que me diria ‘olá, acho que a senhora é minha mãe'”, lamenta.

“Quando vi o seu nome no computador, foi como se alguém tivesse apagado uma luz, porque essa esperança se foi”.

ZAP / BBC

 

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