O presidente da Associação de Estudantes da Faculdade de Letras da Universidade do Porto revelou hoje ter agendado para segunda-feira um protesto contra o encerramento das instalações até 04 de janeiro e pedido ao reitor a revogação da decisão.
“Tragam os vossos apontamentos, livros e computadores para a Praça dos Leões, onde ficaremos a estudar sem teto, ao relento, como forma de desaprovação da medida do reitor”, escreve-se num apelo à “ação de rua” marcada para as 15:00 de segunda-feira, dirigida pela Associação de Estudantes da Faculdade de Letras da Universidade do Porto (AEFLUP) aos estudantes, a que a Lusa teve hoje acesso.
A AEFLUP dirigiu ainda ao reitor da Universidade do Porto (U. Porto) uma Carta Aberta para pedir a revogação da decisão considerada prejudicial, particularmente no que diz respeito ao fecho da biblioteca, para “bolseiros de investigação e doutoramento” e “estudantes de licenciatura e mestrado” numa altura que “imediatamente antecede a abertura da época de exames”, explicou o presidente da AEFLUP, José Miranda, em declarações à Lusa.
O responsável critica que a medida se deva a “medidas economicistas” e alerta não estar em causa apenas o período natalício, mas outras alturas de pausas escolares.
Fonte da Universidade do Porto (U. Porto) explicou à Lusa que a instituição encerra entre 23 de dezembro e 01 de janeiro, tal como já aconteceu no verão, para reduzir custos com energia, segurança e limpeza, acrescentando que no caso concreto da FLUP o período natalício vai ser aproveitado para a realização de pequenas obras para reparar a parede da Biblioteca, devendo a intervenção prolongar-se por mais uns dias, até 05 de janeiro.
Para a associação de estudantes, “o fecho das instalações numa época em que há trabalhos finais a entregar e o estudo é mais intensivo prejudica em grande escala as centenas de residentes que delas necessitam”, alerta-se na carta dirigida ao reitor por deliberação da Assembleia Geral de Estudantes.
“A AEFLUP opõe-se veementemente a esta prática por considerar que, a verificar-se, poderá estabelecer um precedente notoriamente nefasto para a comunidade estudantil da U. Porto. Assim sendo, os estudantes requerem a revogação da decisão de encerramento das faculdades e, em concreto, das suas bibliotecas, entre os dias 23 e 31 de dezembro, e nos sábados 21 de dezembro e 04 de janeiro”, acrescenta-se no documento.
“Estudam na U. Porto largas centenas de indivíduos que habitam nas seis residências estudantis, edifícios que geralmente carecem de locais apropriados ao estudo. Sendo que cinco dessas infraestruturas se situam a menos de 20 minutos de caminhada da FLUP (duas delas a menos de três), as salas da Faculdade e a Biblioteca são dois dos locais de eleição dos seus residentes para preparar os exames, pesquisar e realizar trabalhos”, explica a AEFLUP.
O encerramento das Bibliotecas “levanta um problema com uma gravidade ainda superior, que advém do próprio serviço nelas prestado: a disponibilização de livros que os estudantes podem consultar e requisitar”, destaca a AEFLUP.
A entidade representativa dos estudantes alerta que este procedimento “é completamente oposto à prática vigente em universidades como Harvard, Sydney ou Cambridge, que durante os períodos equivalentes alargam os horários de funcionamento das bibliotecas de modo a proporcionar aos seus estudantes todas as ferramentas contributivas para o sucesso académico”.
“No caso particular da Biblioteca Central da FLUP, nestas alturas o horário de funcionamento é reduzido em quase quatro horas ou, inédita decisão, a biblioteca é efetivamente encerrada durante uma semana. Pior situação económica, ou menos respeito e preocupação com os alunos?”, questiona a AEFLUP.
/Lusa