Os ministros das Finanças da zona euro vão realizar este sábado uma segunda sessão de trabalho, sem o governo grego, para discutir as “consequências” de o programa de assistência à Grécia expirar na terça-feira sem acordo, anunciou o presidente do Eurogrupo.
Numa conferência de imprensa após cerca de três horas de reunião em Bruxelas, Jeroen Dijsselbloem confirmou que não foi concedida qualquer nova extensão do programa à Grécia, apontando que o Eurogrupo teve que “concluir, “lamentavelmente, que o programa vai expirar na terça-feira à noite” e “isso é absolutamente claro neste momento”.
Indicando que a proposta dos credores continua válida até terça-feira, o presidente do fórum dos ministros das Finanças da zona euro anunciou que o Eurogrupo adotou uma declaração a 18 – a delegação grega não a subscreveu – e a reunião vai prosseguir imediatamente após a conferência de imprensa, sem o governo grego, “para discutir consequências” e “preparar passos que seja necessário dar”, com o objetivo prioritário de “assegurar que a estabilidade da zona euro se mantém ao seu nível mais elevado”.
Yanis Varoufakis, por sua vez, advertiu que a recusa do Eurogrupo em prolongar por “alguns dias” a ajuda à Grécia pode provocar “danos permanentes” à zona euro, e acusou as instituições de também terem um problema de credibilidade.
Numa conferência de imprensa em Bruxelas após uma reunião de três horas dos ministros das Finanças da zona euro – que prossegue neste momento sem delegação grega na sala -, o ministro das Finanças grego lamentou que o Eurogrupo não tenha aprovado o pedido grego de uma curta extensão do atual programa de assistência, que expira na terça-feira, até que o povo grego se pronuncie no referendo que o governo grego agendou para 5 de julho.
“A recusa de hoje do Eurogrupo em aprovar uma extensão do programa por uns dias, para permitir ao povo grego dar o seu veredito sobre as propostas das instituições, vai certamente danificar a credibilidade do Eurogrupo enquanto uma união democrática, de Estados-membros parceiros, e receio muito que esse dano seja permanente“, declarou.
Apontando que teve hoje oportunidade de explicar aos seus homólogos as razões pelas quais o Governo grego rejeitou a última proposta colocada sobre a mesa pelas instituições – Comissão Europeia, Banco Central Europeu e Fundo Monetário Internacional -, Varoufakis indicou que também justificou perante o Eurogrupo a realização de uma consulta popular.
“Não tínhamos mandato para assinar uma proposta inviável e insustentável, (…) mas também achámos que não tínhamos mandato para rejeitar a proposta sem ouvir o povo grego”, disse.
De acordo com Varoufakis, se as instituições melhorassem a sua proposta, o Governo grego até poderia “mudar a sua recomendação”, ou seja, aconselhar o povo grego a votar “sim” à proposta das instituições, ao contrário da atual recomendação negativa que já anunciou que irá dar.
Por outro lado, admitiu, “até há uma grande probabilidade de que os gregos” rejeitem a recomendação do Governo de que faz parte, razão pela qual considera incompreensível que o Eurogrupo feche imediatamente todas as portas.
Questionado sobre as acusações, por parte das instituições, de falta de credibilidade do Governo grego de que faz parte, Varoufakis retorquiu que “as instituições e o Eurogrupo também não têm credibilidade num país como a Grécia”, onde houve austeridade durante cinco anos e mais ajustamento orçamental do que em qualquer outro país, tal como ditado pela `troika`, sem que todo esse esforço tenha produzido resultados.
/Lusa
Habituados aos submissos. Enganaram-se com a Grécia!!