Tiago Petinga / Lusa

O primeiro-ministro, Luís Montenegro
Em 100 dias, o governo lançou reformas das leis laborais, da nacionalidade e dos estrangeiros, anunciou um “virar de página” na Educação, o alargamento do IRS jovem e a redução do IRC. Nos mesmos 100 dias, o país ardeu e o SNS continua em crise.
O primeiro-ministro, Luís Montenegro, assinalou este sábado os 100 dias do executivo, considerando que foram tomadas decisões que projetaram o país “para décadas” e enaltecendo a “cotação internacional altíssima” de Portugal.
“Nestes primeiros 100 dias, tomámos decisões essenciais para resolver os problemas concretos das pessoas e projetar o país para décadas. Somos um Governo reformista e humanista”, lê-se numa mensagem publicada pelo chefe do executivo PSD/CDS-PP na rede social X.
Montenegro acrescentou que “cada pessoa e o futuro de todos” são o foco do Governo e enalteceu a “cotação internacional altíssima” do país, numa altura em que várias agências de notação financeira internacionais têm subido o ‘rating’ de Portugal.
“E acreditem, a nossa cotação internacional é altíssima, como acabo de comprovar no Oriente. Todos temos a responsabilidade de nos centrarmos no que é importante”, escreveu.
Esta sexta-feira, em Osaka, no final de dois dias de uma visita oficial ao Japão, o primeiro-ministro afirmou ter notícias de que estaria “por horas” a possibilidade de uma outra agência subir o ‘rating’ de Portugal, salientando que, 15 anos depois da ‘troika’, “Portugal é hoje um exemplo na Europa do ponto de vista financeiro”.
No mesmo dia, a agência de notação financeira Fitch subiu o ‘rating’ de Portugal de A- para A, com uma perspetiva estável, apontando vários motivos para a subida, como a redução contínua da dívida, uma posição orçamental equilibrada, défices reduzidos a partir de 2026, o aumento das exportações e um crescimento resiliente.
A Fitch juntou-se assim a outras agências de crédito, que têm subido o ‘rating’ de Portugal, como a DBRS, que avalia a dívida soberana em A (elevado) e a Moody’s em A3. A S&P melhorou a classificação de ‘A’ para ‘A+’, apenas seis meses após outra subida.
O presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, considerou que a economia nacional está no “bom caminho”, salientando que as avaliações internacionais são “muito, muito boas”, o que disse ser importante para atrair investimento externo, numa altura em que “na Europa e em muitos países do mundo, a situação económica é ainda crítica”.
“Estamos no bom caminho. Estamos no bom caminho e isso é uma coisa que eu, aliás, aproveitei para sublinhar junto do Presidente da Alemanha, Frank-Walter Steinmeier, porque Portugal está a ter avaliações internacionais que são muito, muito boas”, afirmou aos jornalistas após ter almoçado num restaurante português em Berlim, onde se encontra numa visita oficial.
Novas leis, velhos problemas
O XXV Governo Constitucional tomou posse a 5 de junho, 18 dias depois da vitória da AD – coligação PSD/CDS-PP nas legislativas de 18 de maio.
Nos 100 dias que desde então decorreram, o governo anunciou como medidas mais emblemáticas a reprivatização de 49% da TAP, a reforma profunda das leis laborais, uma lei de estrangeiros entretanto vetada, um nova lei da nacionalidade, um “virar de página” com uma grande reforma na Educação, o alargamento do IRS Jovem e a redução do IRC.
No mesmo período, Luís Montenegro enfrentou uma época de incêndios durante a qual arderam mais de 250 mil hectares de floresta, a crise do INEM, ainda na ressaca das mortes alegadamente causadas pela greve de novembro de 2024, e problemas no SNS, com foco na crise nas Urgências — tema em que Marcelo Rebelo de Sousa tinha expectativas muito altas quanto à capacidade do Governo, mas nada mudou.
Os primeiros 100 dias do segundo governo de Montenegro continuaram a ser marcados pelo caso Spinumviva, de que o primeiro-ministro tem tido dificuldade em desfazer-se. “Não houve político mais escrutinado”, disse este sábado o Ministro da Presidência, António Leitão Amaro, no podcast Facto Político, da SIC.
ZAP // Lusa
“Virar de página”…. Mas continuamos a ver urgências fechadas, um SNS que não dá resposta e alunos sem professores… Esta gente da política vive num delírio constante (ou então estão a falar de outro país)…. Ou tomam algum alucinogénio…
“Um país projectado para o futuro”…. Só se fôr projectado para cair aos trambolhões…