Uma juíza vai decidir esta semana o destino de Sandra, uma fêmea de orangotango do zoo de Buenos Aires, na Argentina, a quem o tribunal reconheceu o direito de viver em liberdade.
Sandra, de 29 anos, reconhecida como “pessoa não humana” pelo Supremo Tribunal de Justiça da capital da Argentina, não foi convidada para as audiências, mas esteve representada pelo seu advogado, Andrès Gil Dominguez.
O norte-americano Gary Shapiro, fundador da Fundação Orangotango e uma referência mundial na área, recomendou a realização de exames de saúde e alertou para o perigo de se impor uma mudança de ambiente a um espécime com mais de oito anos.
Em dezembro, um tribunal argentino concedeu a Sandra um habeas corpus (direito de não estar detido sem julgamento), considerando que, mesmo não sendo um ser humano, tem sentimentos e o direito a maior liberdade, naquilo que é a primeira decisão do género em todo o mundo.
“Esta é uma medida histórica, um golpe na coluna vertebral do sistema judicial argentino”, declarou na altura Pablo Buompadre, advogado da associação argentina de defesa de direitos dos animais, ao jornal La Nación.
“Sandra está privada de liberdade e em sofrimento. Ela deve viver no seu habitat natural, num santuário. No zoo, é como se estivesse detida”, afirmou Buompadre.
A decisão “abre caminho não apenas para os grandes símios, mas também para quaisquer outros seres sencientes, que se encontrem injusta e arbitrariamente privados da liberdade em zoos, circos, parques aquáticos e laboratórios científicos”, acrescentou o activista.
Esta Organização Não Governamental (ONG) foi reconhecida como representante legal de Sandra, como se esta se tratasse de um menor ou de uma pessoa sob tutela do Estado. A ONG defende a transferência de Sandra para fora da Argentina, num ambiente onde os orangotangos vivam em semi-liberdade.
Sandra, nascida a 16 de Fevereiro de 1986 no zoo de Rostock, na Alemanha, pesa 50 quilos e mede 1,50 metros. Esta fêmea de orangotango chegou a Buenos Aires em 1994. A esperança média de vida desta espécie é de 30 a 40 anos.
Antes do julgamento, o zoo de Buenos Aires estudou a possibilidade de transferir Sandra para um santuário natural, no Brasil ou nos Estados Unidos.
ZAP / Lusa
Ai…a arrogância do Homem… Quando é que percebem que os seres não humanos de sangue quente também têm sentimentos?! Não é nada difícil perceber isso.
Ainda para mais, uma primata…Então não dizem que nós, humanos, somos descendentes de primatas?