Preços dos combustíveis voltam a aumentar esta semana. O impacto provocado nas empresas e transportes pelo progressivo descongelamento da taxa de carbono e revisão das medidas fiscais “é dramático”.
O aumento dos preços dos combustíveis tem gerado preocupações entre diversos setores e terá implicações profundas para as pequenas e médias empresas, mas também para o setor dos transportes, alertam os setores e a DECO.
Esta semana o preço do gasóleo simples subiu para 1,70 euros por litro e a gasolina simples 95 para 1,80 euros por litro, o que se traduz em aumentos médios de três cêntimos por litro, valores que resultam do progressivo descongelamento da taxa de carbono e da revisão das medidas fiscais, conforme previsto no Orçamento do Estado para 2025 (OE2025).
“O impacto é dramático, porque 90% das pequenas e médias empresas têm carrinhas para trabalhar, para entregarem os seus produtos, para viverem. Normalmente, o preço do combustível representa entre 25 e 30% dos custos mensais de cada empresa e, portanto, é evidente que nessas pequenas e médias empresas o aumento do combustível é uma coisa que não gostaria que acontecesse”, explica à TSF o presidente do Automóvel Clube de Portugal, Carlos Barbosa.
Estas medidas prejudicam a economia ao sobrecarregar ainda mais as empresas com impostos indiretos, como o Imposto sobre Produtos Petrolíferos (ISP) e a taxa de carbono. O Automóvel Clube de Portugal já apresentou propostas ao Governo para mitigar este impacto, das quais algumas já foram consideradas, mas a instituição continuará a pressionar por mais mudanças.
Transportes também sofrem
A Associação Nacional de Transportes Públicos Rodoviários de Mercadorias (ANTRAM) também se manifesta contra os aumentos, alertando para as graves consequências que podem advir para o setor dos transportes, onde o aumento dos preços dos combustíveis pode levar à dispensa de trabalhadores e ao aumento dos custos para os consumidores.
Isto porque as empresas de transporte, para sobreviver, poderão transferir estes custos adicionais para os seus clientes, explica à TSF André Matias de Almeida, porta-voz da ANTRAM, que reforça a necessidade de o Governo consultar as transportadoras antes de implementar medidas que afetam o setor de forma tão direta.
Descongelamento “precipitado”
A elevada dependência de combustíveis fósseis, tanto para o transporte de mercadorias quanto para o uso diário dos cidadãos, é um problema numa altura que o aumento dos preços ocorre num contexto de instabilidade internacional, nomeadamente a guerra no Médio Oriente.
A DECO alerta o Governo: o descongelamento da taxa de carbono é “precipitado“.
“A economia sofre com estes preços elevados, uma vez que ainda estamos bastante dependentes de combustíveis fósseis para tudo o que é atividade económica, de movimentação de mercadorias e os consumidores, para o seu dia a dia, continuam bastante dependentes do transporte privado. Ora, fazer coincidir este movimento de descongelamento com toda a instabilidade que estamos a viver no Médio Oriente e também de outros fatores foi algo precipitado, porque, mais tarde ou mais cedo, os preços do petróleo em alta vão atingir os portugueses e estamos, neste momento, em níveis de preços que estávamos em 2021”, explica à TSF o especialista da DECO Pedro Silva.
E o efeito “bola de neve” , nos produtos de primeira necessidade !………….São os “Desgovernos” que tivemos e temos !