Médio Oriente “à beira do abismo” – e a culpa é de quem?

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HAITHAM IMAD/EPA

A comissária-adjunta da Agência da ONU para os Refugiados da Palestina e Médio Oriente (UNRWA), Natalie Boucly, lamentou os fracassos da comunidade internacional relativamente à região que a deixaram “à beira de um abismo”.

Num discurso proferido na delegação de Madrid do Parlamento Europeu, esta sexta-feira, Natalie Boucly apelou à comunidade internacional para redobrar os esforços para encontrar uma solução para a questão palestiniana, “tomando simultaneamente medidas urgentes para proteger os civis e aliviar o sofrimento em Gaza e no Líbano”.

“Estas medidas incluem um cessar-fogo imediato em Gaza e agora também no Líbano, além da libertação de todos os reféns. Apelo veementemente a todas as partes para que respeitem o direito internacional, incluindo a proteção das pessoas”, continuou.

A comissária-adjunta pediu ainda um aumento do financiamento da ONU, para manter e aumentar a resposta humanitária em Gaza.

Para a responsável, o prolongar dos conflitos no Médio Oriente conduzem à “negação e à vulnerabilidade dos Direitos Humanos de gerações de palestinianos”.

“Estamos a falar de um dos conflitos mais longos e complexos, um conflito que durante 75 anos gerou e continua a gerar milhares de vítimas“, disse Boucly, frisando que a situação tem conduzido a “ciclos de violência, ódio e destruição”.

“É um conflito que hoje está a caminhar de forma alarmante para uma guerra regional com consequências imprevisíveis, mas devastadoras para todos”, alertou.

“A culpa é de quem?”

A comissária-adjunta lamentou as críticas que são dirigidas contra as Nações Unidas e lembrou que o organismo foi concebido para resolver os problemas “a seu tempo”.

“É possível que já tenham ouvido dizer que a UNRWA faz parte do problema e não da solução, ou que, pela sua mera existência, contribuiu para perpetuar a questão dos refugiados palestinianos. A verdade é que a UNRWA nunca pretendeu ser a solução para o conflito israelo-palestiniano. Não é esse o nosso mandato”, disse criticando a “comunidade internacional”.

“A responsabilidade pela resolução do conflito não cabe à UNRWA, que é uma agência humanitária e de desenvolvimento das Nações Unidas, mas sim às próprias partes em conflito e à comunidade internacional“, sublinhou.

Boucly disse ainda que os riscos de fome são constantes na Faixa de Gaza, onde 96% da população enfrenta altos níveis de insegurança alimentar aguda. “Se as condições não melhorarem, estaremos certamente a falar de fome até ao final do ano”, afirmou.

Reina uma atmosfera de ilegalidades

“Há uma atmosfera de desespero e de ilegalidade em Gaza. Os saques são frequentes e não há ninguém responsável pela lei e pela ordem. A quantidade de ajuda que chega é insuficiente e continua a diminuir. Estas são condições verdadeiramente impossíveis para os trabalhadores humanitários que têm de arriscar a vida todos os dias, muitos dos quais também foram deslocados e perderam tudo”, disse Natalie Boucly.

Da mesma forma sublinhou a importância de um cessar-fogo na região e da rápida libertação dos reféns, que descreveu como “urgente” tendo também mencionado a situação económica das populações.

“Milhares de trabalhadores palestinianos que trabalhavam em Israel antes de 7 de outubro (de 2023) estão agora desempregados na Cisjordânia, enquanto as restrições israelitas à mobilidade estão a estrangular a economia”, acusou.

Não há outro caminho senão a procura de uma solução justa e duradoura para os palestinianos. E agora a situação no Líbano reflete também a urgência de pôr fim ao conflito israelo-palestiniano, porque o mundo não pode permitir que o Líbano se transforme numa outra Gaza“, alertou.

ZAP // Lusa

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2 Comments

  1. Vamos ver o que diz no Artigo 13 da Carta do Hamas passo a citar” Não há solução para o problema palestiniano excepto a jihad. Em relação ao iniciativas, sugestões e conferências internacionais, são um desperdício de
    tempo e um disparate completo.” Tirem as vossas conclusões como ao fim de 1400 anos não existe paz a quem tiver como vizinhos os muçulmanos.

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